Sam Peckimpah, The Wild Bunch, 1969
Conto escrito enquanto entornava uma cerveja em lata
Recostados ao balcão, servidos por um taverneiro de chapéu sem aba, disse o bufão para o ladrão:
–Onde estás a fazer a pós-graduação?
Retrucou o ladrão:
–Na mesma escola em que a tua mãe te concebeu.
–Ao que eu saiba, como primogênito, meus pais passaram a lua-de-mel no Hotel Y., em Memphis. Foi em 67, acho – contrarrestou o Bufão com um riso agastado e, algo, zombeteiro.
–Antes do Hotel Y. ir à bancarrota, assaltei-o em três turnos – disse o ladrão. Depois, jogou um dólar ao taverneiro – sem troco, como de uso. No Oeste, como nas pós-graduações não há troco, só vinganças (a diferença é que até mesmo os ladrões pagam seus tragos). Aprumou o revólver no coldre, e, com o palito ainda cravado entre os dentes flavos de fumo, saiu do saloon. Seu bando segui-o à conta-gotas e reverente distância.
Atrás deles, as meias-bandas ao limiar restaram oscilando; e era possível, cada vez menos, entrever por elas o redemunho na rua galopada pelos rocins. Até que, por fim, tudo se voltou para dentro de novo.
Como as ruminações do Bufão curioso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário