[s/i/c]
The last bus
It is dark.
A slight rain
dampens the streets.
Nothing moves
in Lota's park.
The palms hang
over the matted grass,
and the voluminous bushes,
bundled in sheets,
bellow beside the walks.
The world is out of reach.
The ghosts of bathers rise
slowly out of the surf and turn
high in the spray.
They walk on the beach
and their eyes burn
like stars.
And Rio sleeps:
the sea is a dream
in which it dies and is reborn.
The bus speeds.
A violet cloud
unravels in its wake.
My legs begin to shake.
My lungs fill up with steam.
Sweat covers my face
and falls to my chest.
My neck and shoulders ache.
Not even sure
that I am awake,
I grip the hot
edge of the seat.
The driver smiles.
His pants are rolled above his knees
and his bare calves
gleam in the heat.
A woman tries to comfort me.
She puts her hand under my shirt
and writes the names of flowers
on my back.
Her skirt is black.
She has a tiny skull
and crossbones on each knee.
There is a garden in her eyes
where rows of dull,
white tombstones crowd the air
and people stand,
waving goodbye.
I have the feeling I am there.
She whispers through her teeth
and puts her lips
against my cheek.
The driver turns.
His eyes are closed
and he is combing back his hair.
He tells me to be brave.
I feel my heartbeat
growing fainter as he speaks.
The woman kisses me again.
Her jaw creaks
and her breath clings
to my neck like mist.
I turn to the window's
cracked pane
streaked with rain.
Where have I been?
I look toward Rio –
nothing is the same.
The Christ who stood
in a pool of electric light
high on his hill
is out of sight.
And the bay is black.
And the black city
sinks into its grave.
And I shall never come back.
Mark Strand
O Último Ônibus
Está escuro.
Uma chuva rala
lava a rua.
Tudo parou.
No Parque de Lota,
palmeiras movem
sobre a grama opaca
e densas moitas
dobradas em tiras
rasteiras, ladeando os muros.
O mundo fora do alcance.
O vulto de banhistas surge
lento da rebentação
e eleva-se da espuma.
Caminham pela praia
e seus olhos ardem
como estrelas.
E o Rio dorme:
o mar é um sonho
em que morre e ressuscita.
O ônibus acelera.
Uma nuvem púrpura
esgarça-se na partida.
Então, minhas pernas tremem.
Meus pulmões cheios de fuligem.
O suor cobre meu rosto
e escorre para o peito.
Sinto o pescoço, os ombros.
Sem a certeza
de estar desperto
agarro na extremidade
morna do assento.
O motorista sorri.
Suas calças dobradas
acima dos joelhos
as panturrilhas que rebrilham no calor.
Uma mulher tenta me consolar.
Põe a mão sob minha camisa
e grafa nomes de flores
nas minhas costas.
Sua saia preta
porta uma miúda caveira
e ossos cruzados em cada joelho.
Há um jardim nos olhos dela
onde renques das mesmas
lajes brancas povoam o ar.
E as pessoas, de pé, acenam
em despedida.
Tenho a impressão
de que não estou mais aqui.
Ela sussurra entre dentes
e cola os lábios no meu lado.
O motorista faz a curva.
Aperta os olhos,
penteia os cabelos para trás.
E me diz para ser forte.
Sinto um aperto no peito
quando ele fala comigo.
A moça me beija de novo
seu maxilar lateja
e o hálito cola no pescoço
como vapor.
Viro-me para o vidro
trincado da janela
com veios de chuva.
Por onde estive?
Observo o Rio --
nada é igual.
O Cristo que se ergue
no meio de um jorro de luz
alto, em seu nicho,
está fora de vista.
E a baía no escuro.
E a cidade escura
desce para seu sepulcro.
E nunca mais voltarei.
oi ruy
ResponderExcluir'the last bus" , bonita!!!!!
strand, 1998.
abraços
aldir brasil
o último ônibus: despedir-se de uma cidade é como vê-la ou ver-se sendo sepultado.
ResponderExcluirsim, bonito, aldir.
abs.
I have the feeling I am there.
ResponderExcluirShe whispers through her teeth
and puts her lips
against my cheek.
rapaz, que poema fodido!
é sim, mr. leal, fucking poem. um dos melhores poemas sobre o rio escritos por um autor estrangeiro. bem melhor q. o de neruda, inclusive -- q. é repleto de velhos e cansados clichês.
ResponderExcluirabs. desde 'sundown city'