sábado, 29 de novembro de 2008

Dos que confundem ouro e barro: Kaváfis


[s/i/c]


Απολλώνιος ο Tυανεύς εν Pόδω

Για την αρμόζουσα παίδευσι κι αγωγή
ο Aπολλώνιος ομιλούσε μ’ έναν
νέον που έκτιζε πολυτελή
οικίαν εν Pόδω. «Εγώ δε ες ιερόν»
είπεν ο Τυανεύς στο τέλος «παρελθών
πολλώ αν ήδιον εν αυτώ μικρώ
όντι άγαλμα ελέφαντός τε και χρυσού
ίδοιμι ή εν μεγάλω κεραμεούν τε και φαύλον.» —


Το «κεραμεούν» και «φαύλον»· το σιχαμερό:
που κιόλας μερικούς (χωρίς προπόνησι αρκετή)
αγυρτικώς εξαπατά. Το κεραμεούν και φαύλον.

Κωνσταντίνος Καβάφης


Apollonios of Tyana in Rhodes

Apollonios was speaking about
proper education and upbringing
with a young man building a luxury house in Rhodes.
“When I enter a temple,”
said the Tyanian in conclusion, “even if it is a small one,
I would much rather see
a gold and ivory statue there
than find in a large temple a statue of common clay.”


“Of common clay”: how disgusting—
yet some (who haven’t been adequately trained)
are taken in by what’s bogus. Those of common clay.

Edmund Keeley/Philip Sherrard


Apolônio de Tiana em Rodes

Sobre educação e criação adequadas
conversava Apolônio com um jovem
que erguia uma casa de luxo em Rodes.
“Quando entro num templo”,
disse o tianense por fecho, “mesmo
dos menores, prefiro econtrar
uma estátua de ouro e marfim
que uma de barro num templo maior”.

"De barro comum!", imaginem—mas alguns
(que não foram devidamente formados)
caem no logro. Os de barro comum.

Konstantinos Kaváfis



Nota - O sentido geral da versão é naturalmente feita do inglês. Afinal estudei apenas um ano de grego, como ouvinte, na Universidade de Warwick. Há muito tempo atrás. E obviamente não consigo ler. Mas posso ouvir o som das palavras do original de Kaváfis. Por exemplo, em português, o título soaria algo como 'Apolonios ó tianéïs en Róde' ou o 6º verso da 1ª estrofe: 'polo an édion en aïto micro'. O fenômeno que se dá com a tradução de línguas distantes, ou dos clássicos, é simples. O sentido é traduzido. Mas não a forma. E por quê? Porque em geral os tradutores de línguas clássicas são scholars ou lingüistas, mas não poetas. Daí o justificado elogio que Haroldo de Campos tece às traduções de Homero e Virgílio feitas nos sec. XIX pelo maranhense Odorico Mendes. Ele conseguiu traduzi-las diretamente do grego e do latim arcaicos - línguas em que, aliás, era bem mais versado que o próprio Haroldo - e dando-lhes uma forma em espelho. Essa forma especular ("O pão leva consigo e o roxo vinho") é tomada de empréstimo ao decassílabo camoniano.

2 comentários:

  1. que maravilha. me deu vontade de estar no british museum.
    um beijo

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  2. realmente, virna, nessas horas até q. dá saudade.

    achei mto. bela sua tradução de éluard no 'papel de rascunho'

    bjs.

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