domingo, 30 de novembro de 2008

O assoar da hora molhada: Roubaud


Paul Klee, 1909


Douleur


C'est n'etait pas une douleur aux branches bien dessinées

avec les cris torrides gouttes insoutenables trilles

d'élancements une douleur acerée comme une grille

avènement electrique ou fourmillement incliné


vers le tertre de vôtre être vous commenciez des journées

de petites heures roulaient comme une chute de billes

labeur de plante on s'ebroue après-midi à la godille

le soir alors limace au ciel faïance pâle cornée


c'est n'etait pas l'alchool lyrique le bond de la douleur

non les mêmmes creux poussiéreux quois le même chiffons de suie

sur le visage de vos jours les temps trempé qui s'essuie


et le plaisir ponctuel mûrrissant aussi sa couleur

ellipse du monde oassis ? enfin les arbres fermaient

venait la nuit votre nuit moite innommable et désarmé


Jacques Roubaud



Dor


Não é uma dor de galhos bem desenhados

com os gritos tórridos gotas trilos sem parelha

de ferroadas uma dor acerada como grelha

aparição elétrica ou formigamentos inclinados


até o outeiro do teu ser tu inicias o bordado

de breves horas desdobradas como um lance de bila

labor de planta em que se debate de tarde se vacila

e a noite então engole o céu de faiança pálida cunhado


não se trata de álcool lírico o salto da dor

nem o mesmo pó nas cavas qual mesma fazenda usada

sobre o rosto de teu dia o assoar da hora molhada


e também o prazer pontual murchando sua cor

elipse do mundo oásis ? enfim as árvores fecham

vem a noite tua noite suada inominável e desarmada



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