[s/i/c]
Fortaleza é minha musa
A cada vez que me embrenho por intrincadas teorias que querem referendar a mundialização do planeta, mais me volto para meu quintal. Mais desconfio de concepções estéticas que, à pretexto de inovação, terminam por padronizar o que há de mais notável e criativo. De mais próprio, único, singular, digital (no sentido da impressão que a pressão dos dedos de uma mão larga sobre uma superfície - seja de papel de parede ou de rocha de caverna).
Próprio de um lugar. Do que faz esse lugar soar e ser distinto dos outros. E ainda não desisti de reverenciar a distinção como um valor. Gosto de gente distinta. No melhor senso da palavra. Nada a ver com gente importante, poderosa ou famosa.
O som que me apraz não é – nunca foi, aliás – o tecno. O som que me apraz vem do triângulo. Do triângulo de chegadinho.
Se pudesse, faria um documentário que consistiria apenas no seguinte dispositivo: uma câmera fixa, que, ao modo de lambe-lambe fixa no som e na imagem cada um dos vendedores de chegadinho da cidade. Cada qual com a sua batida e seu gesto. Seu suíngue próprio e intransferível.
Fortaleza é minha musa.
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