quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O que não cresce à sombra, não importa: Alver

Piet Mondrian, Stilleven met gemberpot I, 1912

Fragmento

Grandes eventos crescem à sombra.
O que não cresce à sombra, não importa.
A força do vencedor e as pitombas de beira de estrada
repartem o mesmo sabor de pó.

Ideias importantes vão te roubar a paz,
as confusas encrespam-se de prazer;
as mais importantes jamais
acharão forma nas palavras.

Betti Alver


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NOTA
A partir de uma tradução para o inglês de Ivar Vask. Obviamente não há pitombas nas beiras de estrada da Estônia. E sim cerejas, amoras, framboesas, mirtilos ou morangos silvestres – berries em inglês. Frutinhas muito utilizadas em compotas e geleias. O sentido é o de uma frutinha sem muito valor. Em Portugal chamam bagas ou bagos. Aqui, como não chamamos bagas nem temos cerejas, nem framboesas, nem morangos silvestres – embora tenhamos um leque imenso de frutas que eles não têm – vieram essas pitombas de equivalente. Se estiver valendo... Uma das vantagens das pitombas – e não a menor – é toar com “sombra” [versos 1 e 2] e importa [verso 2].

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