O Primo Caçula da Torre de Pisa
Ontem,
a notícia de que o Big Ben pode estar inclinando, querendo ficar
parente da Torre de Pisa, foi a mais lida por onde ela saiu. No El
País da Espanha ou na BBC Brasil. No El País – quem pode explicar
– foi mais popular que uma entrevista com Angela Merkel, em que a
líder alemã discorre sobre a crise espanhola. A força dos
símbolos. Imagine-se então quantos milhões de dólares a mais não
ganharia Scorsese, se ao invés de morar por trás de um relógio
anônimo, numa obscura estação de trens fictícia, em Paris, o seu
Hugo vivesse por trás do Big Ben. E, note, não de qualquer Big Ben,
mas de um que se vai descobrir - em paralelo à exibição de Hugo -
estar inclinando: teria sido a glória em terra. E então seria preciso apenas descobrir alguma ligação entre Méliès e Londres para factibilizar um roteiro que pudesse contabilizar ainda mais lucros, como deve ser em casos assim. Mas raios não caem
duas vezes no mesmo lugar. E, de resto, quem assistiu o documentário
de Scorsese sobre George Harrison (Living in the Material World, 2011),
pôde constatar que além de nada trazer de propriamente novo em
termos de informação, música ou iconografia, também nada acrescenta à
forma documentário. A impressão que se tem - ao contrário de seu
celebrado filme sobre Dylan (No Direction Home: Bob Dylan, 2005) - é a de
que dessa vez Scorsese parece ter entrado no projeto apenas com a grife do nome.
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