Jim Dine, 1973
Nada mais em demanda
Olho os desenhos e a palavra no fogo. Fogo amarelo e azul.
Olho os desenhos e a palavra no fogo. Fogo amarelo e azul.
O
inverno aperta. Nossas provisões a meio. Debaixo das cobertas, a
bondade do teu corpo. Dormes. Teus odores no travesseiro. Temos biscoitos, batatas, lentilhas, defumados, beterraba, uma sobra de vinho. Porém nada mais em demanda que lenha.
Calculamos mal. Quando nos
apartamos do mundo para viver neste sótão, entrevíamos abaixo, no
rio, toda a nobreza suando em trajes de caça. Arrastando sua pompa
em jogos e faros de galgo. Havia apenas uma escada nos ligando ao mundo. Agora faz muito frio. E há meses que só
temos um ao outro. Não imaginávamos mais fácil. E nada há que entregar. Pontos ou rapadura. Sei que
gostas de gatos. E que custou ter-te apartado do teu. É a única
coisa que falta. O brilho dos olhos de um bichano. Por vezes não
aquece menos que lenha.
E
então ontem retirei mais dois degraus da escada.
*
* *
Lindo de morrer!!!
ResponderExcluirgostou, c? é baseado em um enredo de ludwig tieck. coloquei como aperitivo para discutir a questão da 'experiência' daqui uns dez posts.
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