domingo, 8 de janeiro de 2012

Após muitas calmarias

/sic/

Ponto de apoio da memória

O nome desta etapa banho-maria do ano, assolada pelo calor, a chegada do verão no Hemisfério Austral, devia ser calmaria, porque remete ao Descobrimento. À situação que o marcou.
Também por aqui, nada acontece. Ou acontece em câmera lentíssima. O país parece querer pegar no tranco, como um velho motor a diesel. Basta virar os jornais. São ou retrospectivos ou prospectivos. Ou de serviços. Evitam o presente, sua pasmaceira. E o congresso? Em recesso. E o futebol? A Copa São Paulo, torneio tradicional mas juvenil, recebe luzes da ribalta. E só com o começo do Aberto da Austrália, na próxima semana, haverá algo realmente grande a transcorrer no horizonte do esporte. Então há os temporais de verão, seus usuais estragos, sua tragédia, que nunca ninguém previne. E a tragédia menor dos vestibulares. Uma ou outra estreia no cinema. E, pelos portais, muita informação sobre viagem da perspectiva de paulistas, cariocas, gaúchos – nesta ordem. Na verdade, muita viagem também. E da varanda, todo mundo na praia. E tome calmaria.
Não é de todo má. Porque vivemos um país onde não há marcos a balizar o ano. É bom que haja a calmaria, já que, para todos os efeitos, quaresma não tem mais – já faz certo tempo, o calendário litúrgico descolou-se do imaginário. Então é esperar que um dia a gente diga: “Foi logo depois da calmaria de 2009 que eu a conheci”. Ou “passei uns dias em Aracaju na calmaria de 2012”.

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