domingo, 1 de fevereiro de 2009

O tempo prega, desprega entre nós: Davie


[s/i/c]


Time passing, beloved


Time passing, and the memories of love

Coming back to me, carissima, no more mockingly

Than ever before; time passing, unslackening,

Unhastening, steadily; and no more

Bitterly, beloved, the memories of love

Coming into the shore.


How will it end? Time passing and our passages of love

As ever, beloved, blind

As ever before; time binding, unbinding

About us; and yet to remember

Never less chastening, nor the flame of love

Less like an amber.


What will become of us? Time

Passing, beloved, and we in a sealed

Assurance unassailed

By memory. How can it end,

This siege of a shore that no misgivings have steeled,

No doubts defend?


Donald Davie



O tempo passa, querida


O tempo passa, e as lembranças do amor

Tornando a mim, carissima, não menos derrisoriamente

que de uso, o tempo passa, insatisfatoriamente,

sem pressa, estável; e não mais

acres, querida, as lembranças do amor

Tornando ao cais.


Como terá fim? O tempo passa e nossas passagens de amor

como sempre, querida, cegas

mais que nunca; o tempo prega, desprega

entre nós; e ainda para o que não defasa

em falsa castidade, a chama do amor acesa

ainda feito brasa.


O que será de nós? O tempo

passa, querida, e nós num selado

argumento insitiado

pela memória. Como se prende,

Esse cerco de uma margem que receio algum tornou emperrado

E nenhuma dúvida defende?




Nota - 'carissima' [v.2 1ªe], segue não acentudado em português, porque originalmente uma menção ao termo em italiano no original de Davie.



Nenhum comentário:

Postar um comentário