Um banhista arrisca um salto do alto de uma antiga ponte
da Rede Viação Cearense (RVC) sobre o Rio Quixeramobim
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No tempo das cordas
Os antigos contam que em Fortaleza, próximo à Estação Ferroviária João Felipe, em tempos idos, um certo senhor ganhava a vida alugando cordas – isso mesmo cordas!– para passageiros em trânsito que não tinham condições de pagar o pernoite numa pensão. Ele possuía um pequeno galpão, junto à Estação, que era atravessado por cordas de um lado ao outro. O sujeito ia ali, depunha as bagagens num canto, escorava os ante-braços nos cordames sebentos, e acabava adormecendo. Pelo menos evitava-se o sereno da madrugada, pois a partida dos comboios se dava às quatro da manhã. Alugava-se uma corda pelo pernoite ou por hora. Não sei por quantos mil-réis ou tostões. Mas já vi isso em livros. E meu avô, que era chefe do almoxarifado da Estrada de Ferro de Sobral, chegou a comentar a respeito. Acrescendo inclusive que se o “inquilino” extrapolasse a hora, mas fosse muito dorminhoco, não era incomum que o proprietário, safo, desprende-se uma das extremidades do fio onde se equilibravam os régios sonhos do viandante. E lá se ia o sujeito à lona, em meio à galhofa dos incorrigíveis de vigília. Eram outros tempos. Em que talvez se matasse um homem por razões de honra ou vendeta. Mas não para lhe roubar o tênis.
É pena que, se interessando tão pouco por esses aspectos passados, não haja por exemplo, um único grupo de dança na cidade que explore uma situação, a exemplo dessa, para extrair algo que conjugue humor, pathos, história e gesto.
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Nice Stuff!
ResponderExcluirCommendable Blog indeed!
Nice selection of translated poems too. You're a very good editor.
Kristin,