domingo, 17 de fevereiro de 2008

Obliquidade de discurso sacia sede de malícia: Eliot


Stephen Shore, 1974


Conversation Galante

I OBSERVE: “Our sentimental friend the moon!
Or possibly (fantastic, I confess)
It may be Prester John’s balloon
Or an old battered lantern hung aloft
To light poor travellers to their distress.”
She then: “How you digress!”

And I then: “Someone frames upon the keys
That exquisite nocturne, with which we explain
The night and moonshine; music which we seize
To body forth our own vacuity.”
She then: “Does this refer to me?”
“Oh no, it is I who am inane.”

“You, madam, are the eternal humorist,
The eternal enemy of the absolute,
Giving our vagrant moods the slightest twist!
With your air indifferent and imperious
At a stroke our mad poetics to confute—”
And—“Are we then so serious?”

T. S. Eliot


Palestra Galante

Observei: “Nossa amiga lua, dada à emoção!
Ou quem sabe (em fantasia, confesso)
Pode ser o balão do Preste João
Ou uma velha lanterna puída em decesso
A lumiar pobres viajantes até o iníquo.”
E ela: “como és oblíquo”!

E eu : “Alguém sobre as teclas emoldura
Esse noturno exótico, com o qual se explica
A noite e o luar; música com que se procura
Compensar nossa própria trica.”
E ela: “Isso me diz respeito?”
“Ah, não, eu é que sou estreito”.

“Você, senhora, é a satirista perene
A perene inimiga do absoluto,
Dando corda à nossa tristeza indene!
Com seu ar indiferente e astuto
Num só golpe refuta nossos versos deletérios ―”
E―“Somos assim tão sérios?”

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