sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Uma visão de transparência: Williams

[s/i/c]





Nantucket


Flowers through the window
lavender and yellow

changed by white curtains—
Smell of cleanliness—

Sunshine of late afternoon—
On the glass tray

a glass pitcher, the tumbler
turned down, by which

a key is lying—And the
immaculate white bed


William Carlos Williams




Nantucket


Flores pela janela
lavandas e flavas

alteradas pelas cortinas brancas—
Aroma de limpeza—

Réstias de fim de tarde—
Na bandeja de vidro

a jarra de vidro, o copo
emborcado, no qual

jaz uma chave—E a imaculada
cama branca



Nota – Quase não poderia haver escolha mais óbvia: um dos mais traduzidos poemas de Dr. Williams. Mas onde achar uma peça em que as palavras conformam tamanha sensação de transparência? É certo que palavras não podem se inteiramente transparentes. Elas resguardam algo de opaco. Mas aqui, no entanto, elas quase translúcidas, cristalinas. Sem se ver só em parte. Nantucket é uma tradicional estação de veraneio, situada em um ilha, no estado de Massachusetts. Foi em tempos idos uma vila de baleeiros. E é hoje famosa por sua arquitetura antiga e pela prática de esportes náuticos – em especial a vela. É quase uma senha, um patrimônio para os americanos, mais ou menos como para nós é Paraty.



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