domingo, 14 de novembro de 2010

Eu vivo dentro de estilhaços: Michaux

William Wegman, Crow/Duck, 1970




Mon sang

Le bouillon de mon sang dans lequel je patauge
Est mon chantre, ma laine, mes femmes.
Il est sans croûte. Il s'enchante, il s'épand.
Il m'emplit de vitres, de granits, de tessons.
Il me déchire. Je vis dans les éclats.

Dans la toux, dans l'atroce, dans la transe.
Il construit mes châteaux,
Dans des toiles, dans des trames, dans des taches.
Il les illumine.


Henri Michaux




Meu Sangue

O caldo de meu sangue dentro do qual chafurdo
É meu cantor, minha lã, minhas mulheres.
Ele não tem crosta. Ele se encanta, ele grassa.
Ele me enche de vidraças, de granitos, de cacos.
Ele me retalha. Eu vivo dentro de estilhaços.

Dentro da tosse, dentro do atroz, dentro do transe.
Ele constrói meus castelos,
Dentro da teia, dentro da trama, dentro das nódoas.
Ele as ilumina.


* * *

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