Gaetano Zampini, 1753
La tapioca au lait
Hoje, a exemplo de ontem, comprei tapioca do pregoeiro de grito longo e agônico. Ele vende tapioca, pamonha e cuscuz. Espertamente quis me cobrar a mais que ontem. Lembrei-lhe o preço. Num sobressalto, disse que estava cobrando pelo cuscuz. Mas, bem, no início mesmo desta semana, havia dito que os dois, cuscuz e tapioca, eram de mesmo preço.
Ladinices de lado, tenho plena consciência de que estou comprando tapiocas ao passado. A uma ocupação que confina a extinção. O exício mais absoluto. E sigo na inteira contramão da sofisticação dos gostos em Fortaleza.
De momento, degustam-se vinhos apenas razoáveis, cafés sofríveis, cervejas para o gasto em outras latitudes, sorvetes e confeitos um tanto inapropriados ao clima, à carne das frutas, à compleição das pessoas. Ou frutas importadas de terceira. Sabemos que tudo isso sobrevêm inflacionado. É vendido caro e sem aferição. E para consumidores ávidos por um selo de aprovação social.
De minha parte – como aquele francês que não passa sem ir à padaria de manhã e voltar com a bisnaga debaixo do sovaco – aprecio cada vez mais essa tapioca que passa gritando à domicílio, na vanguarda da manhã, pelas ruas da Piedade.
* * *
Tenho uma verdadeira e delicada paixão por tapiocas.Por aqui são bem raras e espero que não desapareçam por aí.Toda vez que ando pelos estados mais quentes e bonitos do país não deixo de degustar tal iguaria, que é muito melhor que qualquer outro produto, inventado ou copiado.
ResponderExcluirtapioca é mesmo uma delícia, c.
ResponderExcluirmas eu não diria que os estados mais quentes do país são os mais bonitos. há diversas belezas pedindo para serem notadas. e elas se suplementam na amazônia, no nordeste, no sul, em são paulo, no rio, etc. e, claro, tem coisas nada belas também por todo lado.
obrigado, por mais esta leitura!