sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A Europa é política interior?


Os franceses vistos pelos outros europeus

Estereótipos e o Poderio Germânico

Entre os europeus é mais ou menos como segue abaixo o modo o como o todo vê cada parte. Os tipos foram publicados na edição de ontem do Guardian. É uma brincadeira e o fundo de verdade que há por trás de uma brincadeira. A União Europeia já foi uma ideia mais auspiciosa. Nos últimos tempos, enfrenta consideráveis dificuldades. Ainda assim há o que comemorar: 70 anos sem guerras entre os países mais poderosos da Europa. Parece uma eternidade. E, sem embargo, alguém duvida que o coração do projeto seja a Alemanha? Eles, ao contrário dos franceses, têm feito um esforço danado: a discrição é a chave. O que eles não conseguiram através de duas guerras, estão conseguindo de modo pacífico. Ainda esta semana Angela Merkel, em entrevista concedida a três grandes diários europeus (El País, Süddeutsche Zeitung e Gazeta Wyborcsa) indicou que a saída para uma Europa revigorada é um parlamento europeu forte, e a transferência de poder político do âmbito nacional para o da união continental. Como o sócio-chave da união continental e seu pilar econômico é a Alemanha, isso equivale a dizer: “reununciem à soberania nacional que nós alemães assumimos as rédeas das decisões políticas e econômicas”. E é exatamente esse o projeto dos alemães que, não por caso, nos estereótipos logo abaixo são vistos como ultra-eficientes, disciplinados e os que tomam aos outros os melhores lugares ao sol. Se por tomar lugar ao sol se entende uma imagem para a tomada de decisões, a metáfora clica à perfeição. Os alemães já propuseram, inclusive, que a Grécia ceda o controle decisório sobre impostos e gastos públicos para instituições europeias. Na prática, é o fim da soberania grega. O ponto é que, além de ser a maior potência econômica da Europa, os trabalhadores alemães efetivamente trabalham mais (e produzem mais) que os trabalhadores franceses subsidiados, com jornadas ínfimas e aposentando-se cedo. E ao contrário dos ingleses, que tiveram sua base industrial dizimada pela desmedida importância dada ao setor de serviços, a Alemanha preservou estrategicamente a sua. De outro modo, chega a ser sintomática a sensação do correspondente espanhol Javier Moreno Barber, um dos entrevistadores de Merkel: "Basta atravessar as portas da Chancelaria Federal em Berlim para compreender onde reside de verdade o poder na Europa". 

Os Estereóptipos de The Guardian:

Os Ingleses
Hooligans bêbados e mal-vestidos, ou livre-mercadistas empedernidos e esnobes.

Os Franceses
Covardes, arrogantes, chauvinistas e erotomaníacos.

Os Alemães
Super-eficientes, diligentes, disciplinados e propensos a surrupiar os melhores lugares ao sol no verão.

Os Italianos
Sonegadores de impostos, estilo Berlusconi, amantes latinos e filhinhos da Mama, incapacitados para bravura.

Os Espanhóis
Machos e mulheres fogosos inclinados a fiestas e siestas, assim que nada é realizado.

Os Poloneses
Beberrões ultra-católicos com cheiro de antisemitismo e uma extrema destreza como encanadores.

Fonte: Guardian

P.S. Uma piada diz que na melhor Europa, a comida seria francesa, a música pop inglesa, o design italiano e a polícia alemã. E numa Europa de pesadelo: uma comida inglesa, música pop francesa, design alemão e polícia italiana.


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