John Livery, 1885
Digna
de Borgs e McEnroes
Talvez
não haja sido o melhor jogo de tênis já disputado como querem
alguns, mas foi uma partidaça. Foi de roubar a respiração da
gente no sofá a final do Aberto da Austrália. E vazou da manhã
para a tarde – o que equivale da noite para a madrugada, na Oceania.
Quer dizer, para quem gosta de tênis: prato cheio. A torcida, numa final, é
por um jogo demorado, disputado, como o de ontem. Disputadíssimo,
aliás. Lances de improviso; longos rallies; alternativas de
ritmo; pontos que pareciam não chegar ao fim; saques a 200km; winners profundos, nas linhas; paralelas tiradas na régua; drop-shots mais que inesperados. Djokovic dominando amplamente os primeiros sets, e Nadal
os últimos, também por ampla vantagem – embora a contagem seguisse apertada.
E, quando tudo psicológica e fisicamente pendia para o lado do espanhol, não
mais que inesperadamente Djoko recobra o elã necessário to win the thing. Mas claro, tem sempre um incauto, que não saca do riscado, e sugere que se
ache uma fórmula de pôr uma prega, de abreviar a disputa no tênis.
De ganhar tempo até por aqui. Ora, camarada, há quase dois séculos que é
assim, longo, demorado. E um dos charmes das partidas de Grand Slam –
melhor de 3 sets, no masculino – é justo quando elas ganham essas proporções
épicas. E ficou nítido que, apesar de ser a sétima derrota
consecutiva para o tenista sérvio, o touro miura parece estar bem mais perto
de batê-lo outra vez. Uma final de epopeia. Quase seis horas de
jogo. É um quarto de dia jogando tênis. Ou uma jornada de trabalho. E uma polémica recai
sobre a paridade da premiação do masculino e do feminino, quando se
sabe que só nas duas últimas partidas (semi-final e final), Novak Djokovic deve ter corrido mais e despendido mais tempo, suor e
energia que Victoria Azarenka, a campeã do feminino, em todo o
torneio. E que água esses europeus do leste bebem, hein? Azarenka, à sua vez, não é exatamente uma Sharapova, no quesito glamour. Tem aquele estilo meio boyzinho, um
pouco anódino, andrógino (mas andrógino de um jeito neutro, insípido) de vestir e portar-se na
quadra. Usa calções ao invés da saia. Mas vá botar uma sainha, soltar os cabelos para as fotos
com o troféu, no dia seguinte, e surge o mulherão. E com pernas gloriosas. Vamos ver se ela se firma na liderança do feminino que, não é de hoje, aspira por tenistas consistentes nas cabeças, como já foram as Evert's, Navratilova's e Graf's da vida.
Para
um texto sobre a essência do jogo de tênis em Afetivagem: Aqui.
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Vi trechos, apenas, que as ruas eram mais convidativas...
ResponderExcluir(sempre me empolgo com as grandes finais e fico cá comigo pensando porque tanto desejo de expurgar a emoção, o suor, o esforço extra, porque a ânsia de pasteurizar também o esporte, não é?)
foi um jogo e seus calvários, luciana. uma proeza por parte dos dois. gesta. bom demais de assistir. e que bacana que cê encontrou com the sad ones, rs.
ResponderExcluirNão é uma vergonha que conheça já uns tristes de tão longe e não ao único que habita este lado do mar?
ResponderExcluirit is a complete shame, luciana. a real misery. so much so as i was the one who suggested a certain night out at arlindo with beers and so forth. podemos ver por outro lado, no entanto. quer dizer, tenho para mim que quando nos encontrarmos, vamos dar boas risadas. não menos, da razão desses desencontros. e não é isso o que vale?
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