sábado, 23 de agosto de 2008

Humor e morte: A. D. Hope


Balthus, 1943



THE BED

The doctor loves the patient,
The patient loves his bed;
A fine place to be born in,
The best place to be dead.

The doctor loves the patient
Because he means to die;
The patient loves the patient bed
That shares his agony.

The bed adores the doctor,
His cool and skillful touch
Soon brings another patient
Who loves her just as much.

A. D. Hope


A Cama

O doutor ama o doente,
O doente ama a cama;
Um bom lugar para nascer,
O melhor ao fim da trama.

O doutor ama o doente
Que aponta à letargia;
O doente ama a cama
Com quem reparte a agonia.

A cama ama o doutor,
Seu toque preciso e frio
Cedo traz outro doente
Para deitar no macio.




Nota - este poema de A. D. Hope é sempre lembrado, pelo bom humor com que trata da questão da morte, em antologias de poesia em inglês. Hope, ao morrer em 2000, aos 93 anos, era considerado o maior poeta australiano em atividade. De fato, se pode aferir o débito da Austrália para com a Inglaterra do quanto de 'humour' inglês segue embutido na peça. Inclusive no declarado 'contempt' pelos médicos. Há uma estrutura simples de extensões e rimas, que semelha o modo das quadrinhas em português. Foi por aí que se pensou a tradução.



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