quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Um barulho no vão esquerdo da alma


Terry Winters, 1986



A Oficina de Efestus

Falar em eternidade, a oficina de Efestus se mudou aqui para as vizinhanças. Um barulho insuportável de solda estilhaça o silêncio da manhã. Um maçarico que vai bater nos meandros do cérebro. Engole o ruído da vassoura, que raspa os ladrilhos, gentilmente, lá fora. Não adianta pensar: não existe. Existe e troa. (Troar é legal porque remete a Tróia). Então, me imagino como um general aqueu enfurecido abordando a questão. Chegando, em estampa equestre, na recém-instalada oficina e dizendo para Efestus: "Vós não sois digno de convivência, escolhei as armas e o duelo". Mas antes caio em mim: digitando essas bobagens enquanto o mundo é varrido e soldado. Antes chegaria lá em meus próprios passos e bom espírito de diplomata. E, adaptando o discurso à circunstância, diria: "Desejo que teu time caia para terceira divisão, e que campeão não seja do Estadual pelos próximos três séculos. E que o time do filho de teu filho todos os campeonatos na lanterna acabe".

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