Edward Ruscha, Nine Swimming Pools, 1970
Michael Phelps e o desejo de eternidade
O desejo de eternidade está embutido em tudo que se faz. Um poema, uma piada, um almoço, um afago ou a travessia de uma piscina em Pequim. É sintomática a frustração de Phelps em uma das provas. Ele bate na marca. Emerge das águas. Fixa o painel. Seu rosto anuvia-se. Venceu mas com um tempo abaixo do que esperava. E Phelps possui a volúpia da imortalidade. Centelha de Aquiles. Quando constata que seu tempo não foi suficientemente bom para não ser batido pelos próximos muitos anos, arremessa a toca e os óculos com raiva sobre a flor da água. Está claro que se ele fosse poeta gostaria de produzir palavras duráveis, permanentes. Que não fossem batidas na próxima olimpíada. Ele bem entende que esse desejo de imortalidade vem justamente de se bem constatar a extrema mortalidade e o vulnerável que habitam nossa casa neste mundo.
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