sexta-feira, 9 de março de 2007

Ossos choram vagando: Pizarnik



Exilio

a Raúl Gustavo Aguirre

Esta manía de saberme ángel,
sin edad,
sin muerte en qué vivirme,
sin piedad por mi nombre
ni por mis huesos que lloran vagando.

¿Y quién no tiene un amor?
¿Y quién no goza entre amapolas?
¿Y quién no posee un fuego, una muerte,
un miedo, algo horrible,
aunque fuere con plumas
aunque fuere con sonrisas?

Siniestro delirio amar una sombra.
La sombra no muere.
Y mi amor
sólo abraza a lo que fluye
como lava del infierno:
una logia callada,
fantasmas en dulce erección,
sacerdotes de espuma,
y sobre todo ángeles,
ángeles bellos como cuchillos
que se elevan en la noche

y devastan la esperanza.


Alejandra Pizarnik



Exílio

A Raúl Gustavo Aguirre

Esta mania de saber-me anjo
sem idade,
sem morte em que viver-me
sem piedade por meu nome
nem por meus ossos que choram vagando.

E quem não tem um amor?
E quem não goza entre papoulas?
E quem não possui um fogo, uma morte,
um medo, algo horrível,
ainda que seja com plumas,
ainda que seja com sorrisos?

Delírio sinistro amar uma sombra.
A sombra não morre.
E meu amor só abraça o que flui
como lava do inferno:
uma loja calada,
fantasma em doce ereção,
sacerdote de espuma,
e sobretudo anjos,
anjos belos como facas,
que se elevam na noite

e devastam a esperança.




Nota - "logia" (6º v, 3ª estrofe) tem o sentido de "loja maçônica" e, por ext., "assembléia", "galeria", "concílio", etc. Preferi manter a palavra "loja".

Nenhum comentário:

Postar um comentário