domingo, 25 de março de 2007
Natureza natimorta e sabor de pêssegos: Stevens
A Dish of Peaches in Russia
With my whole body I taste these peaches,
I touch them and smell them. Who speaks?
I absorb them as the Angevine
Absorbs Anjou. I see them as a lover sees,
As a young lover sees the first buds of spring
And the black Spaniard plays his guitar.
Who speaks? But is must be that I,
That animal, that Russian, that exile, for whom
The bells of the chapel pullulates sounds at
Heart. The peaches are large and round,
Ah! And red; and they had peach fuzz, ah!
They are full of juice and the skin is soft.
They are full of the colors of my village
And of fair weather, summer, dew, peace.
The room is quiet where they are.
The windows are open. The sunlight fills
The curtains. Even the drifting of the curtains,
Slight as it is, disturbs me. I did not know
That such ferocities could tear
One self form another, as these peaches do.
Wallace Stevens
Um Prato de Pêssegos na Rússia
Com todo meu corpo provo estes pêssegos,
Toco-os, cheiro-os. Quem fala?
Os absorvo como o angevino
Absorve Anjou. Vejo-os como um amante os vê,
Como um jovem amante vê os primeiros brotos da primavera
E o escuro espanhol toca seu violão.
Quem fala? Mas tem de ser aquele eu,
Aquele animal, aquele russo, aquele exílio, por quem
Os sinos da capela pululam sons no
Coração. Os pêssegos são graúdos e redondos,
Ah! e rubros; e têm felpa de pêssego, ah!
Estão plenos de sumo e a casca é macia.
Estão plenos de cores de minha aldeia.
E de tempo bom, verão, rocio, paz.
A sala está quieta onde eles ficam.
Janelas abertas. Raios de sol enchem
As cortinas. Mesmo o roçar das cortinas,
Leve como é, me perturba. Eu não sabia
Que tanta ferocidade podia rasgar
Um ser do outro, como estes pêssegos fazem.
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