sábado, 17 de março de 2007

Cintilante ramo de visco: Edwin Morgan

Para saber sobre a tradição do ramo de visco, clique AQUI


Trio


Coming up Buchanan Street, quickly, on a sharp winter evening
a young man and two girls, under the Christmas lights –
the young man carries a new guitar in his arms,
the girl on the inside carries a very young baby,
and the girl on the outside carries a chihuahua.
And the three of them are laughing, their breath rises
in a cloud of happiness, and as they pass
the boy says, ‘Wait till he sees this but!’
the chihuahua has a tiny Royal Stewart tartan coat like a teapot-
holder,
the baby in its white shawl is all bright eyes and mouth like favours
in a fresh sweet cake,
the guitar swells out under its milky plastic cover, tied at the neck
with silver tinsel tape and a brisk sprig of mistletoe.
Orpehan sprig! Melting baby! Warm chihuahua!
The vale of tears is powerless before you.
Whether Christ is born, or is not born, you
Put paid to fate, it abdicates
under the Christmas lights.
Monster of the year
go blank, are scattered back,
can’t bear this march of three.

― And the three have passed, vanished in the crowd
(yet not vanished, for in their arms they wind
the life of men and beasts, and music,
laughter ringing them round like a guard)
at the end of the winter’s day.

Ewin Morgan


Trio


Subindo a Rua Buchanan, rapidamente, numa cortante noite de
>inverno
um rapaz e duas moças, sob as luzes natalinas —
o rapaz porta um violão novo à tiracolo,
a moça do meio, um bebê de meses,
a moça do extremo, um chihuahua.
E os três riem, seus risos condensando
uma nuvem de alegria, e no que eles passam
o rapaz diz: ‘Esperem só ele ver essa!’
o chihuahua traz uma minúscula capa de camareiro real em tartã >feito um suporte de
chaleira,
o bebê é todo reluzentes olhos e boca ao modo de glacê
num saboroso bolo fresco,
a guitarra avulta sob a capa plástica leitosa, presa na paleta
por uma fita de ouropel prateada e um cintilante ramo de visco.
Órfico ramo! Terna criança! Adorável chihuahua!
o vale de lágrimas é impotente ante vós.
Se Cristo nasceu ou não, vocês
deram paga do destino, e ele abdicou
sob as luzes de Natal.
Monstros do ano
passam batidos, postos em fuga,
não podem com essa marcha de três.

E os três se foram, dissolveram-se na multidão
(embora não se dissolveram, pois em seus braços arejam
a vida de homens e bestas, e música,
o riso cercando-os como uma guarda)
no fim deste dia de inverno.





Nota: para conhecer outros poemas e familiarizar-se com a obra de Edwin Morgan, uma boa-nova: a poeta e tradutora Virna Teixeira recém-lançou, em São Paulo, Na Estação Central, primeira reunião em livro, no Brasil, desse versátil poeta escocês . O volume, com elucidativo prefácio de Virna, foi impresso pela Editora da UnB (Universidade de Brasília). Para mais detalhes: Papel de Rascunho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário