sexta-feira, 16 de março de 2007

No ar resinoso: Hass legenda Kurosawa



Heroic Simile

When the swordsman fell in Kurosawa's Seven Samurai
in the gray rain,
in Cinemascope and the Tokugawa dynasty,
he fell straight as a pine, he fell
as Ajax fell in Homer
in chanted dactyls and the tree was so huge
the woodsman returned for two days
to that lucky place before he was done with the sawing
and on the third day he brought his uncle.

They stacked logs in the resinous air,
hacking the small limbs off,
tying those bundles separately.
The slabs near the root
were quartered and still they were awkwardly large;
the logs from midtree they halved:
ten bundles and four great piles of fragrant wood,
moons and quarter moons and half moons
ridged by the saw's tooth.

The woodsman and the old man his uncle
are standing in midforest
on a floor of pine silt and spring mud.
They have stopped working
because they are tired and because
I have imagined no pack animal
or primitive wagon. They are too canny
to call in neighbors and come home
with a few logs after three days' work.
They are waiting for me to do something
or for the overseer of the Great Lord
to come and arrest them.

How patient they are!
The old man smokes a pipe and spits.
The young man is thinking he would be rich
if he were already rich and had a mule.
Ten days of hauling
and on the seventh day they'll probably
be caught, go home empty-handed
or worse. I don't know
whether they're Japanese or Mycenaean
and there's nothing I can do.
The path from here to that village
is not translated. A hero, dying,
gives off stillness to the air.
A man and a woman walk from the movies
to the house in the silence of separate fidelities.
There are limits to imagination.

Robert Hass


Símile Heróica

Quando o espadachim caiu nos Sete Samurais de Kurosawa
na chuva gris,
em Cinemascope e na Dinastia Tokugawa,
caiu reto como um pinho, caiu
como Ájax em Homero,
em datílicos cantantes e a árvore era tão maciça
que o lenhador voltou por dois dias
antes de concluir a serragem
e no terceiro dia trouxe seu tio.

Eles empilharam lenha no ar resinoso,
desbastando os galhos finos,
amarrando os feixes em separado.
As lousas rente à estrada
eram quartadas e quietas, ineptamente grandes;
as toras que eles mearam:
dez feixes e três grandes pilhas de madeira fragrante,
luas e quartos de lua e meias-luas
sulcados pelo dente da serra.

O lenhador e seu velho tio
restam floresta a meio
num chão de lascas de pinho e lama de nascente.
Suspenderam o trabalho
por cansaço e porque não vislumbrei
qualquer animal de tração
ou carreta rústica. São muito prudentes
para chamar vizinhos e voltam para casa
com algumas toras depois de três dias de trabalho.
Esperam que eu faça algo
ou pelo feitor do Grão Senhor
vir aprisioná-los.

Como são pacientes!
O velho fuma um cachimbo e cospe.
O jovem pensa que seria rico
se já fosse rico e tivesse uma mula.
Dez dias de frete
e no sétimo provavelmente
seriam pegues, retornariam de mãos vazias
ou pior. Não sei se são japoneses ou micenos
e nada posso fazer.
A trilha daqui àquela vila
não está traduzida. Um herói, morrendo,
cede quietude ao ar.
Um homem e uma mulher saem do cinema
para casa no silêncio de suas separadas fidelidades.
São limites de imaginação.

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