sábado, 9 de maio de 2009

Amigos, amigos, negócios em toda parte


[s/i/c]



Amigos



Alguns amigos,

com sílabas de açúcar,

dizem te trazer no seio.

Isso quando estás

na crista da onda.

Mas, quando a onda passa,

são mais amigos do alheio.


Amigos, amigos,

no engenho e na arte,

quando se encontram,

se beijam, tudo se reparte.

Mas, na maioria do tempo:

amigos, amigos,

negócios em toda parte.






Nota - os versos "amigos, amigos/ negócios em toda parte" afanei do refrão de uma balada do Grupo Budega, a grande banda da cena fortalezense dos 80. Salvo engano [cito de memória, pois eles não gravaram nada], certo trecho da letra dizia algo como: "O fim-de-semana/ Passou por mim/ Eu culpo a cidade/ E a cidade a mim/ Hoje é cada um na sua/ Nada mais difícil que/ Amigos, amigos/ Negócios em toda parte". O que acho interessante é que o Budega era uma banda fantástica e, mesmo tendo assistido a só umas poucas apresentações deles, lembro-me de muita coisa refinada. E não só em termos de letra, mas também de música - e isso apesar de serem alunos dos jesuítas, lá no Santo Inácio, o que feria um pouco nossos brios maristas. O que quero indicar aqui, entre outras, é que uma parte das canções que mexiam com o imaginário de minha geração, cá em Fortaleza, quando eu tinha vinte anos, numa era pré-internet, são hoje só acessíveis através da memória de quem as ouviu. Não podem ser baixadas por P2P, torrents, e-mules ou outras redes de compartilhamento; ou acessadas em Myspaces ou Last Fms; ou enviadas por imeio, etc. Só podem ser evocadas pelo teu próprio corpo. Quer dizer, são peças raras, finas. Quase que obras de arte anteriores a era de sua acessibilidade digital. Possuem, para ainda uma vez lembrar Benjamin, uma "aura".



* * *

2 comentários:

  1. Fernando Costa9/5/09 7:20 PM

    Dom Ruy, em algum lugar da blogosfera,

    Tenho a gravação de um show do Budega( presente de Antonio Valdo Aderaldo Benevides Junior ) num encontro nacional de estudantes de medicina em Fortaleza, se não estou enganado, como quase sempre estou, no ano quase sem graça de 1980.
    À sua disposição.

    fernando

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  2. beleza, dom fernando de augusto y costa. é claro q. quero a referência. para o arquivo deste ano da graça de 2009.

    abs.

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