Pe. Cícero, c. 1924
Um livro a aguardar: a biografia de Padre Cícero, que segue sendo escrita por Lira Neto.
Os estudos anteriores sobre o fenômeno do taumaturgo do Cariri, tais como Milagre em Joaseiro, do brazilianista Ralph Della Cava, além de assomarem excessivamente colados numa perspectiva sociologizante, já foram escritos de há muito. No caso, o livro de Della Cava data de 1977.
E o Padim bem que anda precisado de uma biografia bem redigida, que escorra o assunto para um público mais amplo, sem, no entanto, perder em profundidade e novas nuanças, detalhes; e numa abordagem ampla, que configure a contento a dimensão política - mas não menos religiosa e ritualística - de tão singular figura.
Há que ser uma biografia para os tempos da Juazeiro urbana, que conforma, com o Crato e Barbalha, um agolmerado de mais de meio milhão de habitantes. Algo que, como fenômeno de expansão urbana, já deixou na poeira sua predecessora mais antiga, Juazeiro da Bahia, a terra de um certo João Gilberto. Cidade também marcada pela proximidade de um quiliasma religioso. O maior deles, aliás: Canudos.
Em adendo, o belo documentário Sertão de Acrílico Azul Piscina, de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, traz imagens noturnas surpreendentes dessa Juazeiro em franca urbanização, repleta de letreiros luminosos em tomadas difusas, ao modo de uma Las Vegas do Sertão.
As biografias também surgem da necessidade de traduzir para uma mentalidade hodierna fenômenos como os do Padre Cícero, que estão longe de se esgotar, em toda amplitude de suas ressonâncias.
A conferir.
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