Jac Leiner, 2009
Money
Quarterly, is it, money reproaches me:
'Why do you let me lie here wastefully?
I am all you never had of goods and sex.
You could get them still by writing a few cheques.'
So I look at others, what they do with theirs:
They certainly don't keep it upstairs.
By now they've a second house and car and wife:
Clearly money has something to do with life
- In fact, they've a lot in common, if you enquire:
You can't put off being young until you retire,
And however you bank your screw, the money you save
Won't in the end buy you more than a shave.
I listen to money singing. It's like looking down
From long French windows at a provincial town,
The slums, the canal, the churches ornate and mad
In the evening sun. It is intensely sad.
Philip Larkin
Dinheiro
Quinzenalmente, será, o dinheiro me reprova:
'Por que me deixar mofando aqui na cova?
Sou tudo que você não teve de sexo e pileques
E ainda pode tê-los preenchendo uns cheques'.
O que outros fazem dele, é questão curiosa:
Já têm uma segunda casa, carro e esposa.
Decerto, não o mantêm no sótão, feito jazida:
Líquido, dinheiro tem algo a ver com vida.
Ambos têm muito em comum quando se pesquisa:
Mas se você banca a sovinice, acumula divisas,
E, de jovem, desanda a poupá-lo até se aposentar,
Não te paga no fim muito além de um barbear.
Ouço o canto do dinheiro. É mirar do piso superior
Por amplas janelas, numa cidadezinha do interior,
Os casebres, o canal, os brocados da igreja em riste,
Doidos, ao entardecer. É intensamente triste.
* * *
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