sábado, 30 de maio de 2009

A Guerra de W. Bush


[s/i/c]



Um Oriente Médio de Pesadelos Peso-Pesados



Alguns analistas, como Ian Buruma, comparam a declaração de guerra ao terrorismomo de Bush ao discurso de Churchill ao declarar guerra à Alemanha. Mas apenas em sua casca. Em certa postiça grandiloquência. Espécie de história se repetindo como farsa. Afinal, quando Churchill manifestou-se, a Inglaterra estava sendo ameaçada, de fato, pelo maior poderio bélico da Europa. Ao contrário de Bush, como reforça Buruma, que se viu diante de um bando de fanáticos predominantemente sauditas.

Mas logo os Estados Unidos perceberam que o problema não era tanto de pobreza quanto de opressão. O raciocínio era o de que regimes ditatoriais provocavam a escalada do terrorismo. O ponto então seria redemocratizar o Oriente Médio para livrar-se do terrorismo. Mas o problema não se afigura tão simples uma vez que os maiores aliados dos Estados Unidos, o Egito e a Arábia Saudita, são regimes fechados – e, logo, não há qualquer interesse americano em se atritar com eles.

Por seu turno, o ataque ao Iraque – um ex-aliado – fortaleceu outro regime que subsidia terroristas islâmicos: o Irã. E este talvez com mais vigor ideológico que o Iraque. Uma vez que o ex-ditador iraquiano era uma espécie de déspota desesclarecido avulso, mais efêmero, que não tinha tanto interesse na propagação da fé islâmica quanto têm os aiatolás que manobram os fios do poder da política iraniana. E, mais, Saddam Husseim governava um país marcado por divisões. Como a dos separatistas curdos, que também são maioria no sudeste da Turquia.

Houve também um erro de avaliação ao se julgar que os terroristas ligados ao ataque de 11 de Setembro estavam predominantemente baseados no Iraque, como se supunha inicialmente. Na verdade, Bin-Laden tem sua base de operações no Afeganistão e seu grupo encontra-se disseminado por vários países. E, em predominância, na Europa e nos próprios Estados Unidos. Sem esquecer da suspeita que a tríplice fronteira na América do Sul, em torno da cidade de Foz do Iguaçu, parece ser também um dos focos de interseção dessa rede terrorista mundializada.

Ao contrário de estudiosos como Norman Podhoretz, Buruma argumenta que é um equívoco comparar o poderio fascista clássico na Europa como os diversos, fragmentados poderios dos estados islâmicos – muitas vezes guerreando entre si – ou com os grupos terroristas, como a Al-Qaeda, que se encontram disseminados pelo globo, usam a internet como fonte de comunicação, compõe-se de poucos elementos, e, portanto, não dispõem de grandes exércitos estruturados ou de voz de comando sobre estados nacionais.

Que real ameaça alguém como Saddam Husseim representava, então, para os Estados Unidos? Saddam se arriscaria a usar armas químicas contra os americanos? Ou pior, nucleares? Ele ao menos as teria? Podhoretz, ainda aqui, afirma que sim. [Afinal, sua prioridade parte do pressuposto da defesa intransigente de Israel]. Mas, então, porque Saddam não empregou as tais armas químicas e/ou nucleares quando os Estados Unidos invadiram seu próprio território?


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Um comentário:

  1. Ruy,
    recentemente, na tv, um comentarista político defendia a criação de um Estado Curdo, pois, segundo ele, os curdos são uma nação sem estado.

    E se esse tal Estado Curdo fosse criado, seria o nascimento de um novo Estado pró-américa no oriente médio, assim como é Israel?

    abs.

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