[s/i/c]
Estância para Cris Moreno
hoje o dia está assim moreno,
está encoberto, cheio de esporte
e desafio, o tipo do dia cristalino
em que até um tombo seria sorte;
aquele dia em que se pode muito
e me lembra uma amiga lá do Norte
Nota - apesar de estar feliz de momento (mesmo sem muitas razões para tanto, pois a felicidade é uma espécie de zona franca: é ela que te escolhe, não o contrário), entendo que há coisas fora dos gonzos no reino dos blogues de uns tempos para cá. Primeiro, o blogue de Cris Moreno (o Morenocris) - o primeiro a dialogar com Afetivagem - desapareceu. Ainda bem que depois voltou. O do Lira Neto, sumiu no fino ar faz uns quinze dias. Escafedeu-se. Sem mais explicações. Um blogue maravilhoso como o Valquirianas, da Evelyn, cessou as atividades faz tempo [ainda bem que ao menos seu conteúdo permaneceu na rede]. A Carol Marossi anda ameaçando fechar de vez seu Hay Tomates. Assim a gente acaba sozinho. E sem verduras. Lembro que depois de uma chateação, retirei o Afetivagem de cena durante uns dias, aí por 2008. E, aliás, ele só voltou, porque o Odorico, do Dessincronizado, reclamou que ao menos as traduções deveriam estar a disposição dos leitores - com isso ele matreiramente, de modo elegante, quis indicar que meus textos em prosa pouco contam. Talvez esteja certo. Esta não é a hora para se discutir isso. Mas foi graças a essa solicitação que não me rendi aos chatos da vez, que querem censurar nóis. Um blogue não resiste sem um comércio, meio regido por Hermes [o deus do comércio, mas também da malandragem], com outros blogues. E parece que os Facebooks e Twitters da vida andam fazendo um estrago na blogosfera. Reafirmo, entrei no Facebook apenas para não ser indelicado com quem me convidou. Mas, convenhamos, essas redes de socialização em que todos dizem "tudo" (Orkut incluído) -- o que estão lendo /ouvindo /pensando /assistindo / sentindo /ameaçando sentir, e tudo em tempo real e para os outros verem - não são para mim. Parecem farelos de Big Brother. Prefiro meu bloguim. Ele é mais oblíquo, mais enviesado, mais lento. E, por vezes, bastante impessoal (no senso bom dessa palavra). É questão de tempo e movimento. William Carlos Williams -- que, paradoxalmente, escreveu grandes livros em prosa, como In The American Grain -- dizia que optou pela poesia por ser de temperamento excessivamente nervoso. Vejam bem, apenas acho que Facebooks e Twitters te demandam outros ritmos. Mais frenéticos, talvez. Mais consorciados ao celular (e o meu vive desligado na maior parte das quaresmas, dos carnavais). E que também o blogue, dependendo do modo como a gente lida com ele, ou arma seu espaço, pode te demandar um vagar maior. Ainda que, em parte, trabalhando nesse registro mais "nervoso" da poesia, de que nos fala Williams. Quando "teorizo" sobre blogues, como Assim ou Assado, não me refiro a qualquer blogue específico, mas a tendências gerais. Tendências gerais existem. E, talvez, quando se vem de uma formação em história - com um pouco de tempero sociológico e de teorias da comunicação - existam mais ainda. Não concretamente, mas como uma virtualidade semelhante a idealidade do tipo, preconizada por Weber.
Saudade dos aviões da Pan-Air.
Saudade dos aviões da Pan-Air.
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haha, não quis dizer nada disso. agora se digo que na maior parte do tempo as traduções nem fazem falta, porque os textos em prosa são bons demais, você vai dizer que estou elegantemente sugerindo que suas traduções são capengas, hehe
ResponderExcluiraliás, não conhecia aquele poema de larkin. first rate stuff!
abraço,
Ruy,
ResponderExcluirmeu blog saiu mesmo do ar, assim, assim, de fininho.
O "Padre" anda tomando todas as minhas horas.
Mas um alerta me avisa sempre que tem texto novo seu aqui.
Não, o Afetivagem não está sozinho.
Abraços do leitor assíduo.
se cuide, todos os dias tenho vontade de fechar o meu blog, he.
ResponderExcluirEu disse lá no Literatura de Lua:
ResponderExcluirLer Afetivagem, do Ruy Vasconcelos, põe o sol dentro do meu peito.