terça-feira, 24 de março de 2009

Uma espécie de ôca eficácia


[s/i/c]



Publish or Perish


Na academia certos assuntos ganham uma dimensão proprietária. Algo do tipo: "como ele ousa intrometer-se no 'meu' assunto?", "que desfaçatez não citar o 'meu' livro nas referências bibliográficas!"; "como 'eu' não fui citado em seu artigo?


E quanto menor o universo de amostra, maior a ciumeira proprietária. Alguém pode ser dono de uma cidade? Ou de um tema mais abstrato: loucura, sexo, movimentos sociais, (argh!) identidade, direito das minorias, limiar, morte, Marx?

A sabedoria, o lado épico da verdade, converteu-se numa espécie de eficácia medida por papers publicados. E pensar que Einstein não publicou mais do que três papers em toda sua profícua carreira acadêmica.


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4 comentários:

  1. isso é mais um exemplo da 'onipresença' do mundo do trabalho, cada vez mais sentida no nosso tempo. e mais um sintoma do achatamento da razão àquilo que pode ser mensurável. sabe-se se uma pintura é uma obra-prima se ela vale x milhões de dólares. e é 'mais' obra-prima do que aquela outra, que vale x-2 milhões. quem vai ao museu admirar o quadro não o admira, mas admira o quanto ele vale. afinal, hoje não se sabe contemplar verdadeiramente a arte, mas 'sabemos' o valor do dinheiro. a única lógica aceita é aquela dos números. daí que cada vez que sou citado em algum trabalho acadêmico aumenta minha 'cotação' no mercado. esse é o jogo, porém. esas são as regras. se alguém quiser entrar no maravilhoso mundo da academia tem de saber que é assim. e se quiser fazer algo sério, tem de ser, de alguma forma, através disso, também. é complicado, claro, mas não há outro meio. pelo menos é o que parece.

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  2. é.

    agora, as aparências enganam, mas, enfim, aparecem. Ao contrário de outras coisas que, vamos e venhamos, nem tanto.

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  3. Pois é, Ruy, esse Anônimo é osso. Domina Marx, só não o citou expressamente porque... vamos e venhamos, não é tanto assim.

    Mas tem um ponto que me parece importante, no texto: quem não é dono de uma cidade, ainda não é porque está especulando um modo de sê-lo. Nem que permaneça a vida inteira especulando, cogitando, insistindo em um novo estímulo de persuasão.

    Ou não?

    Abraço,

    Daniel

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  4. Marx? O último nome que pensei foi em Marx quando escrevi o comentário acima... Se tem algo que domino pouco - e acho que é uma falha minha - é Marx e marxismo. Não nutro muita simpatia por ele, mas gostaria de o ter estudado melhor para melhor criticá-lo e não ficar apenas na antipatia.

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