quarta-feira, 12 de novembro de 2008

"Mas para mim": Joyce


[s/i/c]


Joyce e Dublin - ou a primeira cidade do mundo


É possível pensar que se Joyce não houvesse se auto-exilado também não haveria escrito coisas como O Retrato do Artista Quando Jovem ou Ulisses. Era necessário uma distância para se chegar a esse ponto de vista amplo. A esse ponto de vista incrivelmente amplo. Porque tudo em Joyce está salpicado de Dublin. Da perspectiva de Dublin. E, na sua escrita, ele nunca saiu de lá.

Ele possuía mapas da cidade. Debruçava-se sobre esses mapas por incontáveis horas. Sabia de cor a seqüência de certas ruas. E onde nelas estavam igrejas, teatros, museus, escolas, botecos, cafés, galerias, bordéis, prédios públicos.

Pode-se pressentir que Joyce seria apenas uma sorte de bom escritor irlandês, com pouca ressonância fora de seu país, tivesse restado em Dublin. Mas, quiçá, um homem menos infeliz. Porque era completamente apaixonado pela cidade - a qual nunca mais retornou.

Certa feita, já no exílio, um escritor seu conhecido traçou diante dele um panorama particularmente pouco auspicioso da capital da Irlanda. A resposta de Joyce resume o que Dublin representava em seu coração:

"Dublin is the seven city of the Christendom, and the second city of the Empire. It is also third in Europe for the number and quality of its brothels. But for me it will always be the first city of the world."

["Dublin é a sétima cidade da Cristandade, e a segunda cidade do Império [Britânico]. É também a terceira na Europa em número e qualidade de seus bordéis. Mas para mim será sempre a primeira cidade do mundo."]


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