sem indicação de crédito
Erros de Português
Todos estamos sujeitos a acertos e erros. De Machado de Assis e Graciliano ao Nicollas Ranieri, que vem escrevendo poemas há bem pouco tempo, posto que o tempo de vida dele ainda não abarcou duas décadas.
Sou grato quando apontam os meus. Sei que os há. E não poucos. E dos mais diversos gêneros: concordância verbal, nominal, plurais de nomes compostos, pontuação, etc. Mas até agora não recebi uma única mensagem nesse sentido aqui pelo blogue. Gostaria até de recebê-las, pois sei que os há. Inclusive nas traduções, o que é pior. Digito mal e porcamente, desde os tempos da máquina de escrever. E minha lida com a gramática passa muito mais por leitura, intuição e ouvido do que por permanente vigília e consulta - embora às vezes faça isso: ossos do ofício.
Agora, o que me tira do sério são aqueles espertalhões que quase sempre querem constranger a gente com o argumento da pureza vernácula usado muito mais como pretexto para discordar da idéia geral exposta. Isso é de uma deselengância vil.
Algo semelhante só é admissível quando o que segue escrito revela um panorama de indigência gramatical e, ainda assim, assume-se em arrogância. Aqui, sim, há algo de cômico.
Sigo, portanto, longe de concordar com lingüistas como Marcos Bagno, que querem transformar a língua escrita numa espécie de refém da língua falada. Quase sempre o bom escritor, um tanto automática e intuitivamente, sabe temperar em boa medida as duas margens do fluxo: escrita e fala. Mas, mesmo quando estiliza a fala em poesia ou ficção, a primazia é da margem escrita.
De resto, o excessivo zelo diante de expressões, arranjos sintáticos ou termos provindos de outros idiomas me parece infundado. Nonadas. Por mais que não devamos esquecer que há uma fonte de água cristalina onde beber - António Ferreira, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, Gil Vicente, Camões, Vieira e todos esses gigantes dos quinhentos e seicentos - a língua é fluxo, segue se transformando. Futebol nela.
Uma das riquezas de um idioma é sua plasticidade. Capacidade de deixar-se contaminar por outros. Se essa contaminação passa longe de atingir seu sentido de idioma e ferir o que há de mais belo e promissor em seu passado, apenas revela sua imensa vitalidade.
Em matéria de ortografia, em particular, tendo a ser bastante conservador. Já acho uma desgraça que não grafemos mais "pharmácia" (que indica o grego) ou "acto". E, puta qu'iu pariu, lá vem mais uma reforma ortográfica. Aviso logo - e tranqüilo - que não me eximirei de usar o trema. Trema-se quem quiser.
Aliás, ortograficamente falando, em poesia, volta e meia surgem umas ondinhas de momento. Como, por ilustração, usar o ":" numa linha avulsa, em destacado do verso. Ou então,não ceder o espaço entre a vírgula e a palavra seguinte. Confesso que acho até engraçado. A analogia são aqueles efeitos especiais em computação gráfica que assomam mais datados que óculos de três dimensões, a expressão "é uma brasa, mora" ou a calça boca-de-sino.
Cada doido com sua sanha.
Sou grato quando apontam os meus. Sei que os há. E não poucos. E dos mais diversos gêneros: concordância verbal, nominal, plurais de nomes compostos, pontuação, etc. Mas até agora não recebi uma única mensagem nesse sentido aqui pelo blogue. Gostaria até de recebê-las, pois sei que os há. Inclusive nas traduções, o que é pior. Digito mal e porcamente, desde os tempos da máquina de escrever. E minha lida com a gramática passa muito mais por leitura, intuição e ouvido do que por permanente vigília e consulta - embora às vezes faça isso: ossos do ofício.
Agora, o que me tira do sério são aqueles espertalhões que quase sempre querem constranger a gente com o argumento da pureza vernácula usado muito mais como pretexto para discordar da idéia geral exposta. Isso é de uma deselengância vil.
Algo semelhante só é admissível quando o que segue escrito revela um panorama de indigência gramatical e, ainda assim, assume-se em arrogância. Aqui, sim, há algo de cômico.
Sigo, portanto, longe de concordar com lingüistas como Marcos Bagno, que querem transformar a língua escrita numa espécie de refém da língua falada. Quase sempre o bom escritor, um tanto automática e intuitivamente, sabe temperar em boa medida as duas margens do fluxo: escrita e fala. Mas, mesmo quando estiliza a fala em poesia ou ficção, a primazia é da margem escrita.
De resto, o excessivo zelo diante de expressões, arranjos sintáticos ou termos provindos de outros idiomas me parece infundado. Nonadas. Por mais que não devamos esquecer que há uma fonte de água cristalina onde beber - António Ferreira, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, Gil Vicente, Camões, Vieira e todos esses gigantes dos quinhentos e seicentos - a língua é fluxo, segue se transformando. Futebol nela.
Uma das riquezas de um idioma é sua plasticidade. Capacidade de deixar-se contaminar por outros. Se essa contaminação passa longe de atingir seu sentido de idioma e ferir o que há de mais belo e promissor em seu passado, apenas revela sua imensa vitalidade.
Em matéria de ortografia, em particular, tendo a ser bastante conservador. Já acho uma desgraça que não grafemos mais "pharmácia" (que indica o grego) ou "acto". E, puta qu'iu pariu, lá vem mais uma reforma ortográfica. Aviso logo - e tranqüilo - que não me eximirei de usar o trema. Trema-se quem quiser.
Aliás, ortograficamente falando, em poesia, volta e meia surgem umas ondinhas de momento. Como, por ilustração, usar o ":" numa linha avulsa, em destacado do verso. Ou então,não ceder o espaço entre a vírgula e a palavra seguinte. Confesso que acho até engraçado. A analogia são aqueles efeitos especiais em computação gráfica que assomam mais datados que óculos de três dimensões, a expressão "é uma brasa, mora" ou a calça boca-de-sino.
Cada doido com sua sanha.
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