quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A gente não esquece


Petra, 2007

Um ônibus no mínimo estranho

Hoje, depois de muito tempo, tomei um ônibus. E não qualquer ônibus, o famigerado Circular. E não em qualquer horário, seis e vinte da tarde.

Mas que sorte de loteria. À exceção de uns dois, todos seguíamos sentados. O trocador desculpou-se por ter de me repassar parte do troco em moedas de cinco centavos. Vi alguém ceder lugar para uma jovem gestante. E outro passageiro discorrer quase dois minutos sobre o melhor itinerário para seu interlocutor que seguia para uma zona desconhecida da cidade.

Estarei sonhando? Se todos os ônibus em Fortaleza fossem assim - e ainda por cima sem aquele atroz forró troando nos tímpanos - asseguro que só andaria de ônibus. Além de não se estressar dirigindo, quando sentado à janela - meu caso, agora ao sol-posto - você cata ângulos da cidade impossíveis de reter diante do pára-brisa do carro.

O problema é que ainda me lembro - e bem - de meus tempos de graduação. Quantas vezes, nesse mesmo Circular que une a Aldeota ao Benfica, passando pelo Bairro de Fátima, andei com os All-Stars suspensos, nas biqueiras, por absoluta falta de área para assentar as solas no assoalho grudento e instável.

E essas coisas, como o primeiro amor, a gente não esquece.


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