sábado, 13 de dezembro de 2008

Colóquio dos Bodegueiros do Oeste do Bom Jardim


[s/i/c]



Encontros demais

Vocês já devem ter reparado. Hoje há encontros para tudo. Uma verdadeira indústria do encontro. Calma, não falo daquele encontro mais furtivo. Em que você, à Romeu, espera por Julieta no balcão sob o beneplácito sempre providencial da aia.
Refiro-me a essa enxurrada de congressos, seminários, colóquios, simpósios, bienais, conferências, feiras, mostras, oficinas, festivais, comunicações e o escambau que varre o país. Não há um único dia em que não se anuncie um evento assim na imprensa. Seja a efeméride que celebra duzentos anos de mídia no Nordeste[?], seja o encontro de curadores de bienais, passando pela reunião dos merceeiros do oeste do Bom Jardim. Ou mesa redonda para discutir sobre a violência urbana num asséptico, seguro e refrigerado mall de hotel cinco estrelas.
Dizem que isso faz parte da democracia. Que é um indício de consolidação da cidadania participativa.
Mas então a cidadania participativa já anda tão disseminada, que dá até medo. Medo que um dia o cotidiano se transforme apenas nesses encontros. Que eles se tornem norma de vida. Cotidiano. E se esqueça de que é preciso cumprir algumas outras rotinas, talvez mais prescindíveis, tais como: fazer pão, dirigir ônibus, passar trocos e recibos, auscultar caixas toráxicas, namorar, dar aulas, furar bolos, catar piolhos...



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