Max Ernst, 1920
Poetry
I, too, dislike it: there are things that are important beyond
all this fiddle.
Reading it, however, with a perfect contempt for it, one
discovers in
it after all, a place for the genuine.
Hands that can grasp, eyes
that can dilate, hair that can rise
if it must, these things are important not because a
high-sounding interpretation can be put upon them but because
they are
useful. When they become so derivative as to become
unintelligible,
the same thing may be said for all of us, that we
do not admire what
we cannot understand: the bat
holding on upside down or in quest of something to
eat, elephants pushing, a wild horse taking a roll, a tireless
wolf under
a tree, the immovable critic twitching his skin like a horse
that feels a flea, the base-
ball fan, the statistician--
nor is it valid
to discriminate against "business documents and
school-books"; all these phenomena are important. One must make
a distinction
however: when dragged into prominence by half poets, the
result is not poetry,
nor till the poets among us can be
"literalists of
the imagination"--above
insolence and triviality and can present
for inspection, "imaginary gardens with real toads in them,"
shall we have
it. In the meantime, if you demand on the one hand,
the raw material of poetry in
all its rawness and
that which is on the other hand
genuine, you are interested in poetry.
Marianne Moore
Poesia
Eu, também, desgosto dela: há coisas que importam para além
de todo esse ramerrão.
Lendo-a, no entanto, em perfeita aversão, pode-
se perceber nela,
enfim, um lugar para o genuíno.
Mãos que apertam, olhos
que se dilatam, cabelos que crispam
se preciso, essas coisas são importantes não porque uma
interpretação sonoro-esmerada pode vesti-las mas porque
são
úteis. Quando tornam-se tão secundárias ao ponto de
ininteligíveis,
o mesmo pode ser dito de nós, que
não admiramos o que
não conseguimos entender: o morcego
pendendo de cabeça para baixo ou atrás de algo para
comer; elefantes arremetendo; o rodopio do cavalo selvagem, um
infatigável lobo atrás
da árvore, impassível crítico contraindo a pele como um cavalo
ante uma mosca, o fã de base-
ball, o estatista
nem vale
discriminá-los ante “papéis de negócio e
manuais escolares”; todos esses fenômenos são importantes. Mas há que fazer uma distinção,
no entanto: quando arrastados à proeminência por semi-poetas,
o resultado não é poesia
ao menos até que os poetas entre nós sejam
“literalistas da
imaginação”—acima
da insolência e da trívia e possam apresentar para
inspeção, “jardins imaginários com sapos reais”,
que apre-
endemos. Nesse ínterim, se se busca numa mão
a matéria prima da poesia em
toda sua crueza e
aquilo que na outra mão é
genuíno, se está interessado em poesia.
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