domingo, 22 de abril de 2007

Embrulhado como panettone: Lowell


Milton Avery, 1958




Sailing Home from Rapallo
[February 1954]

Your nurse could only speak Italian,
but after twenty minutes I could imagine your final week,
and tears ran down my cheeks...

When I embarked from Italy with my Mother’s body,
the whole shoreline of the Golfo di Genova
was breaking into fiery flower.
The crazy yellow and azure sea-sleds
blasting like jack-hammers across
the spumante-bubbling wake of our liner,
recalled the clashing colors of my Ford.
Mother traveled first-class in the hold;
her Risorgimento black and gold casket
was like Napoleon’s at the Invalides....

While the passengers were tanning
on the Mediterranean in deck-chairs,
our family cemetery in Dunbarton
lay under the White Mountains
in the sub-zero weather.
The graveyard’s soil was changing to stone—
so many of its deaths had been midwinter.
Dour and dark against the blinding snowdrifts,
its black brook and fir trunks were as smooth as masts.
A fence of iron spear-hafts
black-bordered its mostly Colonial grave-slates.
The only “unhistoric” soul to come here
was Father, now buried beneath his recent
unweathered pink-veined slice of marble.
Even the Latin of his Lowell motto:
Occasionem cognosce,
seemed too businesslike and pushing here,
where the burning cold illuminated
the hewn inscriptions of Mother’s relatives:
twenty or thirty Winslows and Starks.
Frost had given their names a diamond edge...

In the grandiloquent lettering on Mother’s coffin,
Lowell had been misspelled LOVEL.
The corpse
was wrapped like panettone in Italian tinfoil.

Robert Lowell


Voltando de Rapallo por Mar
[Fevereiro, 1954]

A enfermeira só falava italiano,
Mas em vinte minutos pude imaginar as últimas semanas,
E lágrimas escorreram à face...

Quando embarquei na Itália com o corpo de minha mãe,
Todo o litoral do Golfo de Genova
Rompia-se em fogosas flores.
Os doidos amarelos e celestes malhos-de-mar
Tinindo como britadeiras ao longo
Do borbulha-espumante rastro do navio
Lembravam as cores berrantes do meu Ford.
Mamãe viajava de primeira classe no porão;
Seu casquete do Risorgimento preto e áureo
Era como Napoleão nos Inválidos...

Enquanto passageiros bronzeavam
No Mediterrâneo em espreguiçadeiras,
O cemitério de nossa família em Dunbarton
Jazia sob as Montanhas White
Em temperatura abaixo de zero.
O solo do cemitério empedrava-se—
Tantas foram as mortes inverno a meio.
Severo e sombrio contra a ofuscante corrente de neve,
Seu arroio negro e troncos de abeto eram macios como mastros.
Uma cerca de ferro em ponta-de-lança
Ladeava em negro as lápides mais coloniais,
A única alma “a-histórica” a vir ali foi
o Pai, agora enterrado sob o recente
mármore rosa-venado, sem marcas de tempo.
Mesmo o latim do lema dos Lowell:
“Ocasionem Cognosce”,
Soava um tanto mercantil e deslocado ali,
Onde o frio abrasivo iluminava
As sepulturas rachadas dos parentes de Mamãe:
Vinte ou trinta Winslows e Starks.
A nevasca deu a seus nomes uma borda diamante...

Nas letras grandiloqüentes sobre o caixão de Mamãe,
Lowell grafara-se em gralha por LOVEL.
O corpo fora embrulhado como panettone em papel de estanho >italiano.




Nota – ‘Risorgimento’ [1E. –v.9], indica o período da reunificação italiana, que começou a ganhar fermento após 1815. ‘Os Inválidos’ (ou ‘Les Invalides’)[1E, v.10] – famoso distrito parisiense, que consiste num conjunto de museus e monumentos além de um amplo hospital. É onde estão enterrados os militares franceses de destaque. O mais conhecido dos quais é Napoleão Bonaparte, que está sepultado na cripta da Igreja dos Inválidos.

4 comentários:

  1. ruy,

    Os doidos amarelos e celestes malhos-de-mar!!!!!!!!!!!

    Lowell


    ps: Sergio Mello (poesia), mau,mau!!

    scrap:
    Sergio Mello: É, é melhor continuar com seu trampo de RP do Ruy mesmo:
    "Trampo" = Ruy !!!!!!!!!!!!!!RP!!!!!!!!!!!

    ruy, virna teixera = cearense!!!!!!!!!!!!!!!
    SIBILA = ALDIR BRASIL!!!!!!!!!(RÉGIS BONVICINO)!!!!!!!!!!
    Doutrado de Matematica de IME_USP (91-96)!!!!!!!!!!
    ORKUT

    scrap:
    Sergio Mello: É, é melhor continuar com seu trampo de RP do Ruy mesmo:
    "Trampo" = Ruy !!!!!!!!!!!!!!RP!!!!!!!!!!!

    ruy, virna teixera = cearense!!!!!!!!!!!!!!!
    SIBILA = ALDIR BRASIL!!!!!!!!!(RÉGIS BONVICINO)!!!!!!!!!!
    Doutrado de Matematica de IME_USP (91-96)!!!!!!!!!!
    (sergio= merda, hein!!)

    paraíba chato(aldir)= são paulo burrice(sergio)!!!!!!
    Autor:

    Sérgio Mello trabalha como roteirista freelancer de vídeos, tv e cinema há mais de 10 anos. Presta serviços para agências (Ogilvy, África) e produtoras (Porão Filmes, Hélicon) de São Paulo. Começou a carreira na redação e criação de uma agência de propaganda (Tikara Filmes), que licenciava desenhos japoneses no Brasil, como o Jaspion. Em 2004, a editora Ciência do Acidente publicou seu primeiro livro de poemas: “No Banheiro Um Espelho Trincado”, com críticas favoráveis em jornais como Folha de S. Paulo e revistas de literatura e cultura. A publicação do segundo livro de poemas (Savoy River) está prevista para 2007.

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  2. há doidice para todos os gostos neste mundo. alguns se comprazem delas.

    melhor mesmo é deixar pra lá e seguir escrevendo.

    abs.

    ruy

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  3. rsrs...gostei de sua resposta!

    Beijos.

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  4. olá, cris

    vi as reproduções q. v. pôs em seu blog. muito grato.

    quanto à resposta, q. bom que alguém ainda tem senso de humor debaixo do sol.

    bjs.

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