quinta-feira, 5 de abril de 2007

Não entre tão depressa nessa noite escura: Dylan Thomas


Susan Richardson




Do not go gentle into that good night

Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.

Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.

Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.

Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.

Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.

And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless, me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.

Dylan Thomas


Não entre tão depressa nessa noite escura

Não entre tão depressa nessa noite escura;
A velhice queima e estressa ao fim do dia:
Ira, ira de encontro ao fenecer da alvura.

Entanto sábios ao final sancionem a tarde madura
Porque suas palavras não lavraram luz, eles
Não entram tão depressa nessa noite escura.

Boa gente, ao último aceno, clama o quanto dura
A chama de seus feitos vãos valsando na angra verde,
Ira, ira de encontro ao fenecer da alvura.

Rufiões que colhem e cantam o sol que perfura,
E aprendem, demais tarde, que o molestam em sua senda,
Não entram tão depressa nessa noite escura.

Homens graves, à morte, que vêem às escuras
Olhos cegos a chamejar meteoros e ser felizes,
Ira, ira de encontro ao fenecer da alvura.

E tu, meu pai, lá nas tristes alturas,
Maldiz-me, bendiz-me com teu duro pranto, peço.
Não entre tão depressa nessa noite escura.
Ira, ira de encontro ao fenecer da alvura.






Nota- as impensadas "liberdades" tomadas nesta tradução explicam-se. O romancista português António Lobo Antunes, inteligentemente, nomeou um de seus livros com o verso inicial deste célebre poema do galês Dylan Thomas -- simplesmente o homem de quem Robert Zimmerman (Bob Dylan) tomou, de empréstimo, o nome. Percebendo a refração do cântico de San Juan de La Cruz ("Noche Oscura") sobre o poema de Thomas, Antunes transcriou o primeiro verso em português como: "Não entres tão depressa nessa noite escura" [2000]. Seguindo esta sensível sugestão, bastou estendê-la ao poema como um todo. Por ser tão musical, entende-se que mais vale manter a estrutura das rimas e extensão média dos versos que fazer uma tradução, digamos, "literal" da peça.

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