[s/i/c]
Não porque suas mãos são desjeitosas
Mesmo que sua caligrafia seja ruim, é bom escrever suas cartas sem embaraço. Vê-las escritas por outros, porque suas mãos são desjeitosas, é um estorvo.
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Aquilo que ansiamos desfrutar com demasiado gosto é certo acabar em decepção.
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Coisas desagradáveis são:
Demasiados móveis numa sala
Demasiadas penas num tinteiro
Demasiadas imagens num santuário.
Demasiadas pedras, ervas e árvores num jardim.
Demasiadas crianças numa casa.
Demasiadas palavras quando homens se encontram.
Demasiados votos numa prece.
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O que as pessoas implicam quando reclamam da solidão? Boa coisa é estar sozinho, sem perturbações.
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Por que é tão difícil fazer uma coisa agora, no instante em que se pensa nela? [esse modo de pensar, a despeito de ser universal, parece ser mais apreciado no Brasil.]
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Um anseio por coisas exóticas, um apreço por raciocínios entusiasmados e passageiros são características típicas de pessoas de pouco discernimento.
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Das coisas as quais o homem deve dar precedência no que tange a sua própria pessoa, primeiro vem a comida; segundo, a vestimenta; terceiro, a moradia.
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Quando tinha oito anos perguntei a meu pai: “O que é um Buda?” E meu pai respondeu: “Buda é aquilo que um homem se torna” [ou “Buda é aquilo no que se converte um homem”].
NOTA -- Acima seguem excertos dos Ensaios sobre a Preguiça, que também podem ser traduzidos como Ensaios sobre a Indolência ou Ensaios sobre a Inação, um clássico da literatura zen-budista japonesa, escrito por Yoshida Kȇnko, em meados do séc. XIV.]
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