quarta-feira, 18 de maio de 2011

Eu sei sabendo. E pronto.

[s/i/c]


Homem de palavra

rememoração de uma prosa (por um triz) pré-televisiva

A Do Carmo? essa entre muda, sai calada. Se fala, é pra comê. Dá notícia? só a de precisão. E a de precisão da casa, viu? Dos parente. Alguma moléstia. Tratos de raminho. Mezinha. Afora isso, é um siso. Porta de cemitério. Se trabalha? Mas, rapaz. Aquilo é safa como uma jumenta. Ela faz as coisa. Varre casa. Lava roupa. Engoma. Puxa água. Cuida das cabra. Com peixeira na mão, camurupim é cará. Posta o bicho que num dá tempo nem de criar calo na mão. Ceva porco. Destronca pescoço de galinha que parece que tá é coando café. Varre terreiro. Cata os piolho dos menino. E é piolho. É piolho que se vendesse em feira dava pra trocar era em meia saca de farinha. Aí, com pouco mais, escureceu? Ela bota a janta, na hora, direitim. Um tempero que num tem quem iguale em toda essa Lagoa da Tiaia de Baixo. Chega cheira a donzela de trancelim em tertúlia de forró... Uma coisa muito fina, Seu Menino. A casa é um brinco, viu? De asseada. E eles tem até televisão. É. Pensando o quê? Após novela, né? ela fica de prosa no alpendre, com as vizinha. Formam roda. Botam tamborete na calçada. Umas poucas de vez vai na igreja, mais a Maria do Dozim, tirar Novena. É da Noss'enhora do Preperto. Acende um círio, ficam por ali, naquela ladainha. Naquele budejar, com mais a cantoria das beata. E então-se rezum. E rezum e rezum, que é de rosário rodado pra lá. O terço é só pra bater o centro. Ramo de cabelo-de-moça na jarra. Água benta. Deu noves horas? pois adepoismente é pelo-sinal e rumo de casa. Finis. Pegar fio-de-pedra. Oz'ói no calçamento, que é pro mode num pisá no falso. E já mais fri, ela puxa um corpetizim. Assim. Passou pela praça? num olha nem pro lado, que é pra num dá gosto a quem num deve. Chegou em casa, o Calixto tá assistindo jogo? a bicha passa é direto, pra camarinha. Agora, ela é faceira. É. Mais menino. Aquilo gosta duma água-de-cheiro. Dum mimo. Duma fita no cabelo. Bato e volto. Vrido de loção. Festão de volta-ao-mundo.Vou lá? O Sebastião da Luz diz que ela é moderna, o Bastião. Moderna? Orasmente: sonsa, solerte, enxerida, acordada. Apois mire e veja, ela tem um sinalzim perto do furo do umbigo, eita que é só o pitel. Danou-se. É um despautério, hómi. A pele é como sereno da madrugada. Friinha. Seda é quem lhe chama. Florzinha de imburana. E aquando dá uma gaitada, parece semente de jequeti na fava. Uma preversidade. É de judiá do cristão pelas sete chagas, e vai-de-léguas. Fromosa demais. Como é qu'eu sei, Louro? Ora deixe, pois então. Vexou. Milhos. Eu sei sabendo. E pronto. Agora, espie, sou homem direito. De palavra. De lé com lé. Num 'tou aqui para maldar mulher alheia não, viu? 

É.

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