Nome
Por anos chamei teu nome. Por aí. Bem antes. E nisso estavam antecipados o encontro, o risco, e outras coisas; é melhor nem falar.
Agora, sei, não chamava uma ficção. Em cada uma das sílabas, os quatro pontos cardeais. Uma prece. Um hai-kai. Não chamei em vão. E não havia outros modos de chamá-lo. E, assim, chamei quase todo. O ser que há em você. Até não ser mais preciso. O nome chamava todos os elementos, riscado que fora à fio de faca em proa de canoa.
Seria porque não havia outra palavra, suave demais, para ser teu nome? Uma forma de dizer onde mora o não ter medo? Um dizer uma palavra para aquilo que não cabe?
Agora, tudo somado, Princesa, ele pode voltar ao que sempre foi – uma senha, os bredos e nardos, os seixos, à praia; o mangue, a argila, ondas, alpendre, samambaia; a deusa Clio; o sol da manhã, areia de duna roída por rio; samburá, linha, carlinga, rede; água doce e salobre encerrada na casca verde: segredo guardado à sete chaves, entre quatro marinhas paredes.
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