O
assomar do desejo realizado
Assinalar
Walter Benjamin é caracterizar seu estilo. Entre todos os textos que
buscam uma caracterização de Benjamin escritos por seus amigos e
colaboradores, o mais belo e lúcido – e também o mais rigoroso,
exacto – vem a ser “Um Retrato de Walter Benjamin”, de Adorno.
E olha que belos textos sobre o ensaísta berlinense não faltam.
Como atestam os artigos de Gerschom Scholem (em vários momentos) e
Hannah Arendt (em Homens em Tempos Sombrios). Vejamos como Adorno
trata a ensaística em geral - e a ensaística de Benjamin em
particular - em dois tempos que podem ser lidos como cristais ou
prismas:
i
[O
entremeio do argumento]
O
como da expressão deve socorrer, em exactidão, o que a recusa às
linhas gerais sacrifica, sem, contudo, entregar o tema visado à
arbitrariedade de significações previamente decretadas. Nisto,
Benjamin foi um mestre inigualável. Essa precisão contudo não deve
permanecer atomizada. Não menos importante, mais que o processo de
definir, o ensaio convoca a interação recíproca de seus conceitos
no processo da experiência intelectual. No ensaio, os conceitos não
constroem um continuum de operações; embora não avancem numa
direção única, ao reverso, os aspectos do argumento entremeiam-se
como num tapete.
[ADORNO,
Theodor W., “The Essay as Form”, in The Adorno Reader,
(translated by Brian O'Connor), Oxford (UK) and Malden (MA): 2002,
p. 101,]
ii
[literalmente
para a realização do desejo]
Tudo
o que Benjamin disse ou escreveu soa como se, ao invés de rejeitar
as promessas dos contos de fada e dos livros infantis em nome de uma
usual e infame 'maturidade', ele as tomasse tão ao pé da letra que
a própria realização [ou presentificação] do desejo surgisse
então à vista do conhecimento.
[ADORNO,
Theodor W., “A Portrait of Walter Benjamin” in Prisms,
(translated by Sherry Welber Nicholsen and Samuel Weber), Cambridge,
MA: 1981, p.230]
Preciso rever toda essa teoria, uma vez que peguei D.P. na faculdade justamente por causa de Adorno.Por conta do livro organizado por Gabriel Cohn: Comunicação e Indústria Cultural.Acho que vou pegar o livro na estante e dar uma boa lida :o)
ResponderExcluiré, adorno não é fácil. mas é muito bom. me lembro dessa coletânea de textos organizada pelo cohn. :)
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