Ontem
foi a noite mais agônica para os gregos. Eles entendem de agonia. A
palavra vem deles. O país beira o colapso. O atual primeiro-ministro, Lucas Papademos, sequer convocou a população para um
referendo sobre as novas medidas de austeridade. Elas são recorrentes. E enquanto o parlamento votava as medidas, uma multidão
enfurecida queimava o Centro de Atenas. O referendo fora uma sugestão de George
Papandreou, que deixou a liderança do governo grego em novembro
último. Ao contrário dele, Papademos é visto como um marionete dos
interesses da troika. A população não aguenta mais medidas severas
e ter de pagar pelos equívocos dos políticos. Wolfgang Schäuble, ministro alemão de finanças, entende que o resgate da Grécia é mais complexo que a reunificação alemã. A saída do país da Zona do Euro pode-se dar a qualquer momento. Não é nada improvável. Assim como a moratória. E sabe-se lá o que desencadearia. Portugal,
Itália, Espanha e França estão na fila. E por um fio. De outro
modo, um comentário no Telegraph resume o acúmulo de
reveses e humilhações que os helênicos têm experimentado desde
2010: “alguém tem de dizer aos gregos que a Bastilha deles fica
em Bruxelas; e a Maria Antonieta, na Alemanha”. Até o Guardian, tradicionalmente pró-Europeu, lamentou em editorial as sucessivas agruras experienciadas pelos gregos. Em certos casos, para renascer é preciso morrer. E faz tempo que a Grécia respira por aparelhos. E não poucos críticos têm apontado para o modo impessoal e contabilista com que Angela Merkel vem conduzindo a crise grega. O país, além de haver perdido a soberania, está refém de uma política que volta suas melhores energias não para o crescimento econômico mas para um amortecimento de dívida que inviabiliza qualquer expansão até 2020. É uma década inteira de retrocesso. E, pior, pela proa.
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