O que segue abaixo não é torcida para este ou aquele. Mas o que se pensa como resultado provável das premiações mais destacadas. Uma palpitação. Ou palpitologia. Certamente um pé de previsões para toda obra, não se tenha dúvida. E de dar em doido. E, ainda assim, periga alguma lógica. Em ressalva, mudamos o prognóstico inicial de dois ou três percursos, depois de algum contexto vir piscar PS's em neon:
Melhor filme
Entre The Artist (o fascínio que os americanos têm pela cultura francesa, ainda mais quando esta os homenageia), The Tree of Life (nova formatação de filmagem em estética passível de ser apropriada por Hollywood, convertida em linha de produção) e Hugo (Scorsese é já quase ancião, seria um modo de homenageá-lo pelo conjunto da obra, devem pensar muitos "acadêmicos" [Por que será que os chamam de "membros da academia" e nunca "acadêmicos"? Só pode ser tradução. Os de língua inglesa dizem "members of the Academy" para isolar qualquer vinculação com algo que respeitam: a universidade. Aqui, qualquer espaço de fisicultura bem ali na esquina a gente chama de "academia" . Eles? Fitness center.]
Cravado: The Artist
Azarão: The Tree of Life
Melhor Diretor
Entre Terrence Malick e Michel Hazanavicius
Cravado: Michel Hazanavicius
Azarão: Martin Scorsese
Melhor Atriz
Cravado: Meryl Streep (The Iron Lady)
Azarona: Rooney Mara (The Girl with the Dragon Tattoo)
Melhor Ator
Entre Jean Dujardin (The Artist) e Gary Oldman
Cravado: Gary Oldman (Tinker Taylor Soldier Spy)
Azarão: George Clooney (The Descendants)
Melhor Atriz Coadjuvante (Uma de todas, páreo duro)
Cravado: Jessica Chastain (The Help)
Azarona: Bérénice Bejo (The Artist)
Melhor Ator Coadjuvante
Entre Kenneth Branagh (My Week With Marilyn) e Max Von Sidow (Extremely Loud and Incredibly Close)
Cravado: Kenneth Branagh (My Week With Marilyn)
Azarão: Christopher Plummer (Beginners)
(Aqui há controvérsia. A menção a Von Sidow vai pelos mesmos motivos que Scorsese é azarão: idade provecta, bons serviços prestados. O mesmo se dá com Plummer, que quase todo mundo aponta como favorito. E, no entanto, há o deslumbre de Hollywood por tudo que vem de Álbion. E o que dizer então de um fino ator shakespeareano (Branagh) fazendo o papel do sujeito que era sinônimo de ator, shakespeareano ou não (Lawrence Olivier)?)
(Aqui há controvérsia. A menção a Von Sidow vai pelos mesmos motivos que Scorsese é azarão: idade provecta, bons serviços prestados. O mesmo se dá com Plummer, que quase todo mundo aponta como favorito. E, no entanto, há o deslumbre de Hollywood por tudo que vem de Álbion. E o que dizer então de um fino ator shakespeareano (Branagh) fazendo o papel do sujeito que era sinônimo de ator, shakespeareano ou não (Lawrence Olivier)?)
Melhor Roteiro Original
Entre J.C. Chandor (Margin Call) e Michel Hazanavicius (The Artist)
Cravado: Michel Hazanavicius
Azarão: Asghar Farhadi (A Separation) - mas é um bocado improvável
(Há certo sentimento geral de canonização do filme iraniano (Uma Separação). Pode-se perceber que tanto Hollywood quanto os críticos europeus estão de joelhos, babando no i-phone ante o filme. Ainda assim, é improvável que Uma Separação ganhe qualquer outro prêmio que não o de melhor filme estrangeiro (que tem tudo para ganhar). Quando há um filme estrangeiro concorrendo em categorias tradicionalmente "reservas de mercado" , dificilmente o estrangeiro leva. (Lembram de Fernanda Montenegro?). A não ser que haja judeus em posição de importância na equipe. Este ano, o filme "intruso" com mais chances é O Artista. Mas O Artista está sendo encarado praticamente como um filme americano. Tanto assim, que sequer concorre a melhor filme em língua estrangeira. Pode-se alegar que é mudo, mas, de qualquer forma, é um filme francês. Carrega um carácter francês de ver, vestir e sentir o mundo - apesar de homenagear o cinema mudo americano dos anos 20. O Artista possui, de outro modo, melhores chances que o filme iraniano de ser bem sucedido nessas "reservas de mercado". Até porque, querendo ou não, com o forte poder de barganha dos judeus norte-americanos e de Israel - que de outro modo deve beneficiar em linha reta Meryl Streep e tem apoiado tudo que se vincula a Spielberg (quando há margem) - Hazanavicius, o diretor de O Artista, é filho de judeus-lituanos. Não por coincidência, o produtor de O Artista, Thomas Langmann, também é judeu. Ou seja, o filme é francês mas está em casa. Alguma ou muita coisa vai faturar. A tensão política e os últimos acontecimentos no Oriente Médio, do contrário, vão interferir contra o filme de Farhadi (Uma Separação). O lobby, aqui, é de arrancar pedaço de celuloide. E antes fosse de celulite - embora, convenhamos, um poquinho de celulite, uma leve insinuação, tem lá seu valor neste mundo moldado por botox e academias. Então se Uma Separação ganhar em categorias para além de Melhor Filme em Língua Estrangeira, já será uma enorme surpresa. Mas isso não deve ocorrer).
Roteiro Adaptado
(Há certo sentimento geral de canonização do filme iraniano (Uma Separação). Pode-se perceber que tanto Hollywood quanto os críticos europeus estão de joelhos, babando no i-phone ante o filme. Ainda assim, é improvável que Uma Separação ganhe qualquer outro prêmio que não o de melhor filme estrangeiro (que tem tudo para ganhar). Quando há um filme estrangeiro concorrendo em categorias tradicionalmente "reservas de mercado" , dificilmente o estrangeiro leva. (Lembram de Fernanda Montenegro?). A não ser que haja judeus em posição de importância na equipe. Este ano, o filme "intruso" com mais chances é O Artista. Mas O Artista está sendo encarado praticamente como um filme americano. Tanto assim, que sequer concorre a melhor filme em língua estrangeira. Pode-se alegar que é mudo, mas, de qualquer forma, é um filme francês. Carrega um carácter francês de ver, vestir e sentir o mundo - apesar de homenagear o cinema mudo americano dos anos 20. O Artista possui, de outro modo, melhores chances que o filme iraniano de ser bem sucedido nessas "reservas de mercado". Até porque, querendo ou não, com o forte poder de barganha dos judeus norte-americanos e de Israel - que de outro modo deve beneficiar em linha reta Meryl Streep e tem apoiado tudo que se vincula a Spielberg (quando há margem) - Hazanavicius, o diretor de O Artista, é filho de judeus-lituanos. Não por coincidência, o produtor de O Artista, Thomas Langmann, também é judeu. Ou seja, o filme é francês mas está em casa. Alguma ou muita coisa vai faturar. A tensão política e os últimos acontecimentos no Oriente Médio, do contrário, vão interferir contra o filme de Farhadi (Uma Separação). O lobby, aqui, é de arrancar pedaço de celuloide. E antes fosse de celulite - embora, convenhamos, um poquinho de celulite, uma leve insinuação, tem lá seu valor neste mundo moldado por botox e academias. Então se Uma Separação ganhar em categorias para além de Melhor Filme em Língua Estrangeira, já será uma enorme surpresa. Mas isso não deve ocorrer).
Roteiro Adaptado
Entre John Logan (Hugo); e Bridget O'Connor/Peter Straughan (Tinker Taylor Soldier Spy)
Cravado: John Logan (Hugo)
Azarão: Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash (The Descendants)
Melhor Filme em Língua Estrangeira (a maior barbada)
Cravado: A Separation (Irã, falado em persa)
Azarão: In Darkness (Polônia, em polonês) ou Footnote (Israel, em hebraico) - mas seguem, aqui, apenas para constar.
Cinematografia (ou Direção de Fotografia)
Entre Guillaume Schiffman (The Artist) e Janusz Kamiński (War Horse)
Cravado: Janusz Kamiński (War Horse)
Azarão (pero no mucho): Emmanuel Lubezki (The Tree of Life)
No frigir, O Artista tem tudo para ser o grande ganhador da noite. Se vai ser, são outros seiscentos. Seus concorrentes diretos, por ordem de importância, são Hugo, The Tree of Life e Tinker Taylor Soldier Spy. Quanto menos estes filmes ganharem, mais a parte do leão será d'O Artista. E há uma boa perspectiva para Sérgio Mendes e Carlinhos Brown (que é um poço de sorte), já que existe apenas uma outra canção no páreo. Ainda que essa outra, Man or Muppet, de Brett McCenzie, venha sendo apontada como favorita. E, no entanto, não seria recado irônico ao cinema brasileiro um primeiro Oscar dado... à música?
Como de uso, vários filmes mereceriam indicação bem mais do que alguns que o foram. La Piel Que Habito, Melancolia e Shame, por exemplo, foram um tanto subestimados. Assim como Drive. Midnight in Paris poderia concorrer a mais categorias. Há tempos Woody Allen não tramava algo tão engraçado. Talvez a Academia haja julgado o western Meek's Cutoff como excessivamente difícil. E é. Mas é também um filme que tem tudo para não envelhecer. O coreano Poetry abriria mais concorrência à Uma Separação que qualquer dos outros filmes indicados em língua estrangeira. O mesmo vale para The Mill and The Cross, produção sueco-polonesa dirigida por Lech Majewski; o italiano Le Quattro Volte; e, ainda na casa dos aindas, o turco Once Upon a Time in Anatolia. E blá. Blá. Blá? De outro modo, uma desafinação: Extremely Loud and Incredibly Close é reputado por muitos críticos como a pior produção jamais indicada ao Oscar de melhor filme. O certo é que provavelmente Uma Separação é por quem bate o coração de muitos cinéfilos. Ampliem acima a foto de Leila Hatami e observem-na por alguns segundos ao som de "Layla" com seu riff crispado, de guitarras no cio. E o filme está bem resumido na beleza forte, tocada, desse rosto de mulher. Mesmo envergando véu. Et pour cause.
No frigir, O Artista tem tudo para ser o grande ganhador da noite. Se vai ser, são outros seiscentos. Seus concorrentes diretos, por ordem de importância, são Hugo, The Tree of Life e Tinker Taylor Soldier Spy. Quanto menos estes filmes ganharem, mais a parte do leão será d'O Artista. E há uma boa perspectiva para Sérgio Mendes e Carlinhos Brown (que é um poço de sorte), já que existe apenas uma outra canção no páreo. Ainda que essa outra, Man or Muppet, de Brett McCenzie, venha sendo apontada como favorita. E, no entanto, não seria recado irônico ao cinema brasileiro um primeiro Oscar dado... à música?
Como de uso, vários filmes mereceriam indicação bem mais do que alguns que o foram. La Piel Que Habito, Melancolia e Shame, por exemplo, foram um tanto subestimados. Assim como Drive. Midnight in Paris poderia concorrer a mais categorias. Há tempos Woody Allen não tramava algo tão engraçado. Talvez a Academia haja julgado o western Meek's Cutoff como excessivamente difícil. E é. Mas é também um filme que tem tudo para não envelhecer. O coreano Poetry abriria mais concorrência à Uma Separação que qualquer dos outros filmes indicados em língua estrangeira. O mesmo vale para The Mill and The Cross, produção sueco-polonesa dirigida por Lech Majewski; o italiano Le Quattro Volte; e, ainda na casa dos aindas, o turco Once Upon a Time in Anatolia. E blá. Blá. Blá? De outro modo, uma desafinação: Extremely Loud and Incredibly Close é reputado por muitos críticos como a pior produção jamais indicada ao Oscar de melhor filme. O certo é que provavelmente Uma Separação é por quem bate o coração de muitos cinéfilos. Ampliem acima a foto de Leila Hatami e observem-na por alguns segundos ao som de "Layla" com seu riff crispado, de guitarras no cio. E o filme está bem resumido na beleza forte, tocada, desse rosto de mulher. Mesmo envergando véu. Et pour cause.
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