A mítica Livraria Shakespeare and Company, hoje no nº37, Rue de la Bûcherie,
foi uma das locações para o Midnight in Paris de Woody Allen.
Já nos anos 1930, John dos Passo (esq.) Joris Ivens (costas para a câmera) e Hemingway
(dir.); eles colaboraram na feição do documentário The Spanish Earth (1937)
foi uma das locações para o Midnight in Paris de Woody Allen.
Já nos anos 1930, John dos Passo (esq.) Joris Ivens (costas para a câmera) e Hemingway
(dir.); eles colaboraram na feição do documentário The Spanish Earth (1937)
Sylvia Beach e James Joyce à entrada da primeira Shakespeare and Company.
Essas ambiências e personalidades estão presentes em A Moveable Feast, de Hemingway
Se quando jovem você teve a sorte de viver em Paris, então, onde quer que vá, a cidade seguirá junto, pois Paris é uma festa móvel. [Ernest Hemingway]
*
No atacado, merecidas as premiações do Óscar: Streep, Plummer, The Artist, A Separation. Agora, alguns agradecimentos deixaram a desejar. Já pensaram, se Jean Dujardin tivesse aberto seu discurso com: “estou sem palavras”?
**
De outro modo, o prestigioso jornal canadense Globe and Mail deplorou estilo e teor das piadas de Billy Crystal: "Mr Crystal has clearly lost the touch with today standards". A matéria censura o modo como o comediante brinca com o esforço do ator Jonah Hill para perder peso, além de encadear uma série de piadas raciais de duvidoso gosto, segundo o jornal. Deve-se dar um desconto, contudo, pois os canadenses são excessivamente crédulos e adeptos do politicamente correto. Do contrário, Crystal saiu-se um mestre de cerimônias à altura. Especialmente quando cornetou o paulificante discurso de Tom Sherak, presidente da Academia: “Thank you for whipping the crowd into a frenzy”.
***
O que pouca gente sabe, aliás, é que Billy Crystal vem de uma família judia de Manhattan. E que entre as babás (babysitters) que ocasionalmente tomavam conta dele estava certa negra bonita, que cantava lindas canções de ninar. Tinha a veia dos blues. Seu nome: Billie Holiday.
****
Um filme americano sobre um ilusionista francês. Um filme francês sobre uma forma de ilusionismo americano. Eis os dois vencedores da noite. Muito em comum. Os americanos não resistem ao charme de Paris. Os franceses levam a fama de hiperintelectualizar o cinema americano. Howard Hawks, por exemplo, deliciava-se com as intrincadas análises que o pessoal dos Cahiers du Cinema fazia de seus filmes. O mesmo ocorria com Cassavetes. Interesse mútuo e intercâmbio. Uns compassos de jazz por um punhado de filosofia. Ou ao menos teoria, vá lá. E, não esqueçamos, do lado de cá do Atlântico, houve Jean Renoir e William Wyler. E há os que juram de pés juntos que Chaplin, na verdade, era francês. A coisa vem de longe. Desde Thomas Paine. Ou pelo menos desde a Lost Generation, e Hemingway decretando que Paris é um estado de espírito, que a gente leva para onde for jovem. Mas não é esse exatamente o tema de um terceiro filme de ontem? Um que ganhou o Óscar de melhor roteiro original? Bem, Paris não é exatamente um roteiro original para americanos. Para quem quer ir mais fundo, além dos dois livros clássicos de Hemingway - o ficcional The Sun Also Rises (O Sol Também se Levanta), o autobiográfico A Moveable Feast (Paris é uma Festa Móvel) - e o de Gertrude Stein - A Autobiografia de Alice B. Toklas - há um livro recente do jornalista Sérgio Augusto: E Foram Todos para Paris - Um Guia de Viagem nas Pegadas de Hemingway, Fitzgerald & Companhia. Quem um dia não invejou essa farra permanente dos expatriados americanos [e agregados] na Paris dos anos 20? E olha que faltam não poucos nomes ao filme de Allen: Ezra Pound - talvez ausente por suas posições políticas - James Joyce, John dos Passos, Sherwood Anderson, Ford Madox Ford, George Antheil, Man Ray, Wyndham Lewis e tantos outros.
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No atacado, merecidas as premiações do Óscar: Streep, Plummer, The Artist, A Separation. Agora, alguns agradecimentos deixaram a desejar. Já pensaram, se Jean Dujardin tivesse aberto seu discurso com: “estou sem palavras”?
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De outro modo, o prestigioso jornal canadense Globe and Mail deplorou estilo e teor das piadas de Billy Crystal: "Mr Crystal has clearly lost the touch with today standards". A matéria censura o modo como o comediante brinca com o esforço do ator Jonah Hill para perder peso, além de encadear uma série de piadas raciais de duvidoso gosto, segundo o jornal. Deve-se dar um desconto, contudo, pois os canadenses são excessivamente crédulos e adeptos do politicamente correto. Do contrário, Crystal saiu-se um mestre de cerimônias à altura. Especialmente quando cornetou o paulificante discurso de Tom Sherak, presidente da Academia: “Thank you for whipping the crowd into a frenzy”.
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O que pouca gente sabe, aliás, é que Billy Crystal vem de uma família judia de Manhattan. E que entre as babás (babysitters) que ocasionalmente tomavam conta dele estava certa negra bonita, que cantava lindas canções de ninar. Tinha a veia dos blues. Seu nome: Billie Holiday.
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Um filme americano sobre um ilusionista francês. Um filme francês sobre uma forma de ilusionismo americano. Eis os dois vencedores da noite. Muito em comum. Os americanos não resistem ao charme de Paris. Os franceses levam a fama de hiperintelectualizar o cinema americano. Howard Hawks, por exemplo, deliciava-se com as intrincadas análises que o pessoal dos Cahiers du Cinema fazia de seus filmes. O mesmo ocorria com Cassavetes. Interesse mútuo e intercâmbio. Uns compassos de jazz por um punhado de filosofia. Ou ao menos teoria, vá lá. E, não esqueçamos, do lado de cá do Atlântico, houve Jean Renoir e William Wyler. E há os que juram de pés juntos que Chaplin, na verdade, era francês. A coisa vem de longe. Desde Thomas Paine. Ou pelo menos desde a Lost Generation, e Hemingway decretando que Paris é um estado de espírito, que a gente leva para onde for jovem. Mas não é esse exatamente o tema de um terceiro filme de ontem? Um que ganhou o Óscar de melhor roteiro original? Bem, Paris não é exatamente um roteiro original para americanos. Para quem quer ir mais fundo, além dos dois livros clássicos de Hemingway - o ficcional The Sun Also Rises (O Sol Também se Levanta), o autobiográfico A Moveable Feast (Paris é uma Festa Móvel) - e o de Gertrude Stein - A Autobiografia de Alice B. Toklas - há um livro recente do jornalista Sérgio Augusto: E Foram Todos para Paris - Um Guia de Viagem nas Pegadas de Hemingway, Fitzgerald & Companhia. Quem um dia não invejou essa farra permanente dos expatriados americanos [e agregados] na Paris dos anos 20? E olha que faltam não poucos nomes ao filme de Allen: Ezra Pound - talvez ausente por suas posições políticas - James Joyce, John dos Passos, Sherwood Anderson, Ford Madox Ford, George Antheil, Man Ray, Wyndham Lewis e tantos outros.
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