domingo, 26 de fevereiro de 2012

errata e amor de madrugada


em algum lugar por aqui, e escrevi: “os dicionários portugueses não registram graviola”. depois uma amiga, sempre muito ciosa, me disse que há pelo menos um que registra. daí voltei à sentença. e tasquei um “a maioria dos dicionários portugueses”. mas - e é aqui que mora o perigo - bem na hora de consertar a desinência do verbo, o celular deve ter tocado. ou foi a campainha. a bateria do notebook pifou. uma fragrância inebriante veio da rua. a net saiu do ar. alguém chegou. ou partiu. tive que sair. ou voltar. ou fiquei no mesmo lugar, sonhando com uma viagem à romênia, certo de que a tradução de magpie era mesmo pega. mas quando já estava em craiova, uma puta batida na rua. ou a lata de coca-cola, que pus no freezer para gelar mais rápido, explodiu. ou segui pingando is que eram para ontem. ou tive de limpar os pingos da coca-cola na porta do freezer. ou passou algo na TV - mulher ou gol - que me prendeu olhar. e o olhar desviou feio, feito muitos, muitos quilômetros na 222. ou lembrei-me das duas malditas cápsulas, esquecidas desde o café. ou deu vontade de comer queijo com goiabada. ou de fazer xixi sem goiabada alguma. ou de reler romeu e julieta. ou, ainda melhor, pôr em prática esse negócio todo de rouxinóis e cotovias, queijos e goiabadas, romeus e julietas. caminhar até a praça. ou simplesmente namorar um muitão. 
de forma que a sentença toda não foi revisada. e a frase ficou assim (ou sic como dizem os doutos): “a maioria dos dicionários portugueses não registram graviola”. por dias e dias, assim e sic. doentinha. sem eu notar. 
a grécia em polvorosa. o aquecimento global ligeiramente amenizado pelas chuvas. a estação comandante ferraz explodindo que nem coca-cola, lá na antártica. a ponte preta se ferrando diante do santos. a baixaria na apuração das escolas de samba de são paulo. yuri dizendo que renata é ninfomaníaca. e, sobretudo ela, a frase, morrendo à míngua de erro de concordância - enquanto concordávamos na cama, fulana. insoniávamos, dormíamos, sonhávamos, acordávamos, adiávamos. tomávamos suco de graviola e outros líquidos de maior teor alcoólico. e a frase lá, cambaleando, doente, também de cama mas por outra razão: vômitos, náuseas novortográficas, soro, 39º de febre. tadinha. um quadro de desconcordite aguda. 
a quem interessar: nunca houve erro de conjugação. mas de concordância. ou, ainda melhor, nem de concordância (sabemos nós em cama, rede, mesa e banho): de atenção. 
agora, poxa, como foi bacana! - no redizer do samba. e o que eu não daria por mais desatenções assim. deu até vontade de deixar com a concordância errada

4 comentários:

  1. haha!
    ruy, você é genial... :)

    anna

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  2. que bom, anna, que ao menos uma em 3 bilhões acha isso... ;)

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  3. As graviolas nem perceberam, e continuam assim mesmo, deliciosas! Soube que um ou outro dicionário ficou um tanto melindrado, mas nada sério.A maioria nem ligou :o)

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  4. hahaha! não sei disso não, viu? hahaha! :)

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