A
gente se via por ali
Num
futuro, onde não seremos mais que geleiras extintas em montanhas
tropicais, arqueólogos descobrem algo, Fulana: uma mulher caminhando
com um pacote em um comercial. Ou seria num poema? Mas é um mundo
outro. Perdeu a pista do nosso. Veem o fim de um dia de desfiles. E pensam esse primitivo, estranho rito. Bocejam ao cantochão
dos sambas-enredos.
No
Globo Rural, as vacas seguiam mais carnavalescas para o pasto num Domingo Gordo. Talvez
entoando As Pastorinhas entre um e outro mugido compungido. E o expectante traçava o repasto ofertado pelo plim-plim. E o bem-te-vi bem
pousava, sob as bençãos de Padre Marcelo, na franja úmida da
manhã. Os beijos, juras, sambas entoados em sussurro, noites namoradas. Enquanto isso, na Sapucaí, no Alto da Misericórdia, no
Circuito do Farol, milhares de foliões desfoliavam sob a chuva, numa
espécie de última cruzada. O tal caso de amor extinto na tela da
TV, em que a gente se via por ali.
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