segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Arquelogia dos Carnavais Pré-Hecatômbicos



A gente se via por ali

Num futuro, onde não seremos mais que geleiras extintas em montanhas tropicais, arqueólogos descobrem algo, Fulana: uma mulher caminhando com um pacote em um comercial. Ou seria num poema? Mas é um mundo outro. Perdeu a pista do nosso. Veem o fim de um dia de desfiles. E pensam esse primitivo, estranho rito. Bocejam ao cantochão dos sambas-enredos.
No Globo Rural, as vacas seguiam mais carnavalescas para o pasto num Domingo Gordo. Talvez entoando As Pastorinhas entre um e outro mugido compungido. E o expectante traçava o repasto ofertado pelo plim-plim. E o bem-te-vi bem pousava, sob as bençãos de Padre Marcelo, na franja úmida da manhã. Os beijos, juras, sambas entoados em sussurro, noites namoradas. Enquanto isso, na Sapucaí, no Alto da Misericórdia, no Circuito do Farol, milhares de foliões desfoliavam sob a chuva, numa espécie de última cruzada. O tal caso de amor extinto na tela da TV, em que a gente se via por ali.


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