domingo, 11 de janeiro de 2009

Desejando a arte de um e do outro a pujança: Shakespeare


[s/i/c]







Sonnet XXIX




When, in disgrace with fortune and men’s eyes,


I all alone beweep my outcast state,


And trouble deaf heaven with my bootless cries,


And look upon myself and curse my fate,


Wishing me like to one more rich in hope,


Featured like him, like him with friends possessed,


Desiring this man’s art and that man’s scope,


With what I most enjoy contented least;


Yet in these thoughts myself almost despising,


Haply I think on thee, and then my state,


(Like to the lark at break of day arising


From sullen earth) sings hymns at heaven’s gate;


For thy sweet love remembered such wealth brings


That then I scorn to change my state with kings.




William Shakespeare






Soneto XXIX




Quando, em desgraça de fortuna e dos humanos olhos,


Em total solidão choro meu proscrito estado,


E importuno o surdo céu com meus inúteis restolhos,


E entrevejo-me a mim e maldigo meu fado,


Querendo-me ver mais rico de esperança,


Realçando-me como ele, como ele de amigos cercado,


Desejando a arte de um e do outro a pujança,


De tudo que mais aprecio desapropriado;


E ainda que nesses pensamentos quase me desprezando,


Ledo eu penso em vós, e então meu estado


(Como a cotovia ao romper da manhã se alçando


Da terra sombria) canta hinos às portas do divino reinado;


Pois vós, suave amor relembrado, tais bonanças trazeis


Que então descarto trocar minha condição pela de reis.







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