[s/i/c]
Betume (ou La vida no es más que un despliegue de plagios)
O rés-do-chão desta está maduro. É puro betume. Já pode entrar na conta das epifanias.
Parece que o programador da Rádio Cultura está apaixonado. Toda vez que pego a estrada para ir à cidade, toca uma certa música. Escuto-a. E na razão de três dias por quatro execuções. E a cada vez há um sorriso nos lábios. Um pouco mais de paciência no percurso.
Tempos atrás o que eu diria? Que isso faz algum sentido?
Hoje, não chego a tanto. Ando mais impermeável a causas e consequências. E então quando surgem os primeiros acordes ainda trançados aos da música anterior, assim como um losango azul num suéter brota do losango cinza que o precede, acho graça.
E há quem acredite em coincidência.
UPDATE
Hoje, sábado, duas semanas depois, passei em ida e volta pela estrada. Tudo esperava. E à certa altura em que julguei ouvir o tema, recuei rápido na impressão:
Hoje, sábado, duas semanas depois, passei em ida e volta pela estrada. Tudo esperava. E à certa altura em que julguei ouvir o tema, recuei rápido na impressão:
–Coincidência! – disse em voz alta e piloto automático, esfregando com o Kleenex o fio que descia rosto abaixo, arrastando negras camadas tão coagulantes quanto o asfalto da rodovia.
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