Max Ernst, Le baiser, 1927
Em nome do vem, vai
– Você não acha? – ela disse.
–Se disser que acho, você vai dizer que só estou dizendo p'ra lhe agradar.
–Mas, menino.
–Se disser que não, você vai dizer que sou chato, que sempre digo não.
–O sem-pé-nem-cabeça disso me comove.
–Ah, e tem mais: se eu disser mais ou menos, aí você vai me pedir para descer do muro ao menos dessa vez.
De repente, ouvia-se o circulador de ar. O mundo fora posto no modo pausa.
E a circulação das ideias, por analogia, ameaçou trazer o casamento deles para uma zona de lucidez tão terrível que seria dispensável conversar.
E eis que isso não existe: todos precisam conversar. De algum modo.
Em nome da abobrinha; do fiado; do mole; da gente grande; do boi dormir; do homem para homem, da teoria da recepção; do bêbado; do vem, vai; da comadre, dos bastidores; do Tutú Marambá.
Em nome dos is que, mais adiante, precisarão ser pingados e repingados. De novo e para sempre.
* * *
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