quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Sobre um post lido no blogue da A. C. Que gosta de outra A. C.




Querida, A., falo daquele post em que você diz da angústia do jovem escritor em comentário ao artigo do proprietário da grande editora. E posso divisar o quanto ele difere do estado de espírito de seu provável orientador.

Nem precisa ser mais. Ser menos. Ser de todo. Não ser ou ser. Ou nada ser de burguês, para sacar que gostei daquele texto. E que aquele texto podia ter sido um manifesto ou quatro coisas: 1. poema do Chico Alvim; 2. Poema do Leminski; 3. Poema do Cacaso; 4. conto do Dalton Trevisan dos bons tempos; 5. Crônica do meu querido amigo Aldir Brasil Jr. Em geral, quatro coisas acabam desovando em cinco.

É isto. É esse mundo tenebroso do outro lado das páginas. Não é porque apareceu o mundo digital que ele deixou de existir – embora a percepção dele haja sido radicalmente afetada pelo advento da Tia Nete. E hoje não se pode viver lá no Céu, lá perto de Nosso Senhor, sem também filtrar-se e receber as boas-novas através de fotos instantâneas e arquivos de vídeo. Essas carícias digitais que vulgarizam à vista de todos os bilhetes mais íntimos. ( Como este? )

Aliás, o mundo para além dessas páginas não tem achado muito espaço. A gente não encontra mais o Seu Para Além de Páginas por aí. Não encontra mais na poesia. Ou nessa literaturazinha cosmética, que anda meta demais, poscuspida demais, posgraduada demais. O aluguel atrasado, contas a pagar, incertezas de chofre, aos montes, aos borbotões, em qualquer tempo ou afeto. Sob qualquer invocação. Elas precisam de um pouco mais de pé, irmã, irmão. Senão não dá, Irmã Lua.

Não se pode calçar metatênis. Ou andar por aí com metapés... Ou plantar metabananeiras em metachãos. Ou ser metafranciscano ao se caminhar em metadesvairio divino por uma Metaumbria.

Por algum tempo descri da caixa de comentários. E achei que a caixadecomentarologia não era gênero que se prezasse. Coisa séria. Ou algo que o valha. Que nada ou ninguém podia redimi-la. (A não ser talvez no Daily Mail). Que não tinha espaço nela para uma resposta digna. À altura do leitor que todos somos. (Que sonhamos ser). E os mais aloprados nunca vão deixar de sê-lo. Os mais perfeitos, moralmente falando. Pois não existe perfeição maior que a do leitor. O leitor que apenas lê, ponto. E não sente qualquer necessidade de comentar. Mas, ainda assim, a partir de hoje, a caixa de comentários voltou a ser uma esperança, querida A.

A esperança, A., que mais esse gênero se afirme.

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